As máscaras das narrativas. O nosso inferno de Dante
Por Gilvaldo Quinzeiro
Usar máscaras ou não usar máscaras? Tomar vacina ou não
tomar vacina? Não aglomerar ou
aglomerar? Plantar dúvidas como essas na
mente das massas em tempos de pandemia; pandemia essa que por aqui já ceifou a
vida de quase meio milhão de pessoas, especialmente vindo de quem se espera uma
conduta minimamente de ponderação ou de liderança é se tornar aliado do próprio vírus
para não dizer outra coisa!
As narrativas construídas em tempos de pandemia revelam o
perigo de ainda permanecermos fixados nas sombras das nossas cavernas! Um vírus
foi suficiente para expor a fragilidade não só da nossa constituição física,
hoje sacolejada e devastada; como também da nossa visão do mundo!
Afinal o que é o mundo numa visão ‘fritada ‘ por uma simples
pandemia? O que esperar dos céus do chão
que não mais se sustenta?
Os arautos do bem, hoje encurralados em suas apressadas preces,
não sabem quão podemos nos transformar no mal a qualquer momento, sobretudo
quando as frágeis condições que sustentam o ‘bem’ se desmancham.
Hoje, nas atuais condições, somos o bicho, que corre atrás
de nós mesmos – ainda bem?
A pandemia do novo corona vírus é, entre outras coisas, um ‘caldeirão’
no qual a nossa monstruosidade ganha forma, contorno e cores; o Inferno de
Dante, digamos assim. Ou seja, um vírus é
o suficiente para atiçar as brasas das nossas arcaicas memórias; o lado avesso
de nós mesmos. É essa má notícia!
A boa notícia é que a nossa benevolência, se
em benevolência ainda podemos falar, há de ganhar forma no mesmo ‘caldeirão’ em
que a nossa alma está sendo cozida.
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