O homem, as circunstancias e o barro. Uma análise para além da geopolítica


Por Gilvaldo Quinzeiro

Na introdução do seu livro “6 Tipos psicológicos”, C. G. Jung fala o seguinte: “quando observamos o desenrolar de uma vida humana, vemos que o destino de alguns é mais determinado pelos objetos de seu interesse e o de outros pelo seu interior, pelo subjetivo. E, com como todos nós tendemos mais para este ou aquele lado, estamos naturalmente inclinados a entender tudo sob ótica de nosso próprio tipo”.

Partindo dessa premissa, eu acrescento que o homem só é homem até as circunstancias precisar dele. Daqui para frente este será apenas “o barro” nas mãos dos que sopram o seu destino! Foi assim no passado para Alexandre, O Grande, Júlio Cesar, Napoleão Bonaparte, Adolfo Hitler assim como está sendo hoje para Vladimir Putin. Talvez por isso muitos prefiram o conforto de evitar os sacolejos das circunstancias para concordar facilmente com a opinião daqueles que nunca pegam no pote, mas apenas ostentam a ‘rudia’!

O dito acima é uma introdução a respeito do lado ‘oculto’ da guerra (não abordado na imprensa ou por analistas), que hoje entra no seu 12º dia, a saber, a guerra entre Rússia e Ucrânia   – a mesma guerra que todos de mãos ensanguentadas agora querem evita-la!

O Putin, que hoje todos nós odiamos e demonizamos era igualzinho a todos nós antes, isto é, cheio de ódio e intolerância. O que mudou de ontem para hoje? Nos tornamos santos?  Putin se tornou o diabo?

Na verdade, o Putin de hoje é o resultado daquilo que acontece com a brincadeira do elástico depois de esticado, ou seja, o seu efeito poderia ocorrer na cara de qualquer um – sobrou para Putin! E, para nós cumplices das mesmas circunstâncias -  o alivio! Ufa!

Agora Putin é o arquétipo do mal!  Oba! Escapamos por pouco! Estamos agora em processo de catarse!

Um dos aspectos que caracteriza a condição humana é a tendência de polarização – nós e o outro.

Em outros tempos o que dividia a humanidade era, por exemplo, se “corpo de Cristo estava realmente presente na hóstia ou se esta era apenas a sua representação simbólica”. Os que discordavam da tese dominante era “demonizados”!

No jogo da polarização, ora somos do bem, ora somos do mal. Nesta semana, uma delegação dos Estados Unidos procurou a Venezuela. Na mesa das discussões uma “aproximação”, entre o país que antes fazia parte do mal. O Petróleo venezuelano, que vinha sofrendo sanções, hoje poderá ser a solução para atender a demanda do mundo afetado pela guerra na Ucrânia.

Em outras palavras, dependendo das circunstancias, na visão, que nos afunda nem sempre “o pau que bate no Chico é o mesmo que bate em Francisco”. No mais a vida segue sendo um circo onde o palhaço, o lado mais triste, nos ensina a dar gargalhadas!

   Amém?

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