O bolsonarismo e o medo de barata
Por Gilvaldo Quinzeiro
O medo para ser medo precisa de um objeto que justifique o
medo, mesmo que este objeto seja um cabo de vassoura. Simples assim? Não! De
jeito algum! Há mares e males dentro de nós que, sem estes, o cabo da vassoura
não nos pareceria tão devorador. Assim como uma pequena e inofensiva barata se
agiganta naquilo em que nosso medo transborda!
As pessoas que estão indo para as ruas em alvoroço pedindo
intervenção militar padecem desse medo! Ou seja, não adianta lhes explicar que
a barata é inofensiva ou que o cabo de vassoura permanece quietinho em algum
canto da casa.
Ora, este tipo de medo ou de situação, é o que Freud
chamaria de um medo castrador, logo, este medo, nos faz regredir aos primórdios
da infância, onde a figura do pai é vista e ouvida como ambivalente, ou seja,
ora como aquele que é portador do castigo, ora como aquele que é o protetor.
Lembra-se do discurso de ontem, terça-feira, do presidente Bolsonaro? O que afinal
ele disse? Para quem ele disse? Neste sentido, para os bolsonarista em completa
assombração tal discurso não foi suficiente para diminuir o tamanho da barata,
pelo contrário, numa linguagem dirigida para quem está no “berço”, não só a
barata, como também o cabo de vassoura ganhou garras e dentes!
Ir para as portas dos quarteis, portanto, é uma forma infantil
de aliviar o medo de ontem, terça-feira, 1º de outubro, medo este que não foi resolvido
com o tão esperado discurso do pai! E assim será amanhã e depois de amanhã.... O
medo das coisas; o medo ter medo!
Em tempos apocalípticos, este medo é explorado pelos
coronéis da fé, de modo que este cabo de vassoura ou esta barata, pode ser Eu
ou Você que não partilhamos destas assombrações! Por isso, toda vez que você
levantar a voz ou o braço, tome cuidado com quem esteja por perto, pois, poderá
ter sempre alguém ligando para os quarteis pedindo socorro para, enfim, matar a
barata!
Estamos, portanto, diante do adoecimento das massas! E não
se assustem, pois, quando daqui para frente as pessoas se ajoelharem diante de
um “sabugo”! Meu Deus? – Não o seu!
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