Quando a fé não auxilia a si mesma, serve-se dos muros e da espada


Gilvaldo Quinzeiro

 

Em 1453, na queda de Constantinopla, não obstante, a fervorosa fé invocada tanto pelos que estavam do lado de dentro dos muros (os bizantinos – cristãos) quanto por aqueles que se encontravam do lado de fora (os otomanos - muçulmanos) não evitou, contudo, o massacre de milhares de pessoas -, piedade aqui foi a primeira coisa a desaparecer – junto com as cabeças!

Do lado bizantino o imperador Constantino XI; do lado otomano, Maomé II. Em comum entre ambos não só os muros, que lhes separavam, como também as profecias.

O que isso tem a ver com o Brasil de hoje? Nada! – pelo menos até agora! Mas depois do dia 30 de outubro pra cá, ou seja, depois de que o resultados das eleições presidenciais não atendeu ao fervor da fé de muitos, já nos sobram motivos para saber de que lado estamos dos muros. Há vergonhosos muros sendo erguidos e que já nos separam. Há inclusive os ‘muros das lamentações’, mas piedade que é bom, nada!

 Hoje, no Brasil pós-eleições, ‘fervorosos cristãos’ recorrerem a trechos da Bíblia, em especial, do Velho Testamento para justificar a morte dos seus inimigos.

Pregações como a feita por um homem, que se diz pastor/capelão, em que o mesmo aparece num vídeo se dirigindo às manifestações golpistas prometendo “matar os petistas e esquerdistas” são sinais de que aqueles que se acham do lado de dentro dos muros, já apontam para os que estão do lado de fora – as suas flechas flamejantes – é que a   fé em dado momento não auxilia a si mesma.

Por fim, a extrema direita brasileira, que se autodenomina hoje de ‘patriotas’, ‘cidadãos do bem’, ‘salvadores da pátria’, paradoxalmente, pratica em nome de um delírio coletivo aquilo que, em suas cabeças, supostamente a esquerda praticaria: o não respeito ao resultado das eleições; o bloqueio de rodovias; o ataque as instituições; a intolerância e o ódio.

Amém?

 

 

 

 

 

 

 

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