A Criança

Gilvaldo Quinzeiro



A criança é primária, no sentido de que possui os ingredientes que nutrirão e conservarão a vida adulta, tal como a larva nutre a fase subseqüente da mosca. A diferença aqui, porém, é que a mosca, por não ter a psique, não pode voltar à condição de larva.

Em outras palavras, podemos afirmar, sem nenhuma hesitação, que no adulto pode estar se debatendo uma criança que sorrir ou que chora; que ama ou que odeia; o mesmo, entretanto, não podemos afirmar que numa criança possa haver um adulto, porque este se cria num processo lento, conflituoso e de regressão.

Entretanto, é preciso esclarecer que a criança por si só não consegue se nutri; e que os ingredientes desta aludida nutrição só a nutrem na relação com o Outro, uma vez que é somente na relação com este Outro, que a nutrição se faz significante e significado. Dito de outro modo, a priori a criança é o outro dentro de si para a posteriori de si se desvencilhar do Outro, e ao Outro retornar quando em si não encontrar o Outro.

Comentários

  1. Desde pequenos somos crianças.
    Jamais deixaremos de ser crianças.
    O máximo, quando adultos, é estarmos crianças ocasionalmente, mas seremos eternamente crianças.
    O que muda apenas é o preço dos brinquedos.
    Renegar esse fato nos tornará menos alegres, seremos mais sisudos, mais sérios e vivemos disfarçando uma realidade por conta das pseudo-aparências.
    Ficaremos metódicos demais e nos irritaremos com pequenas coisas.
    Não aceitaremos pequenas transgressões e nos transformaremos em síndicos das normas e condutas.
    É preciso relaxar, alegrar-se com a vida e se surpreender com as coisas simples.
    Destranque a porta do seu quarto emocional e libere a criança que tem dentro de você.
    Faça coisas inesperadas.
    Brinque, sorria, corra na chuva.
    Assimile a certeza de que somente as pessoas seguras de si, adultas e resolvidas, são as que têm a capacidade de, sem se envergonharem, vez por outra, brincar como crianças de verdade.
    Valéria

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