O “barro antropomórfico”. O que nos falta, fere!



Por Gilvaldo Quinzeiro 

      
  “Devagar com o andor que o santo é de barro”.  Eis uma construção que nos remete para a edificação de todos os demais engenhos, incluindo as nossas dores para as quais erigimos apressados a nossa prece: o próprio homem. Contudo, se o homem já não é a mais “medida de todas as coisas”, eu acredito que ainda seja, conforme nos dissera Protágoras de Abdera (486 a.C.- 411 a.C.), é porque nos falta “o barro antropomórfico”, sem o qual, toda a construção se esvazia de significado. Em outras palavras, o homem se tornou refém das coisas. Das coisas nas quais não percebe mais a sua face!

A frase acima, poderia ser reescrita hoje assim: “apresse com o andor que “o barro” do qual o santo é feito conosco não mais se parece”. O “barro” aqui, não é outro, é o antropomórfico.
Este é sem dúvida alguma, um dos sintomas da nossa época, isto é, a falta da falta que nos faz falta. Dito com outras palavras, o que nos falta, fere!

Quisera que “o bicho que corre atrás de nós ainda fosse nós mesmos”! Mas, não é, e é, porque não há outra forma de como se coser o “bicho”, as coisas, e o mundo senão das nossas “linhas e tecidos”. A questão é:  cadê o “barro antropomórfico”? Ainda somos homens? No que estamos nos transformando?



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