Viver: imperativo categórico!




Por Gilvaldo Quinzeiro

Quem quer que deseje pensar a morte em quaisquer que sejam os seus sentidos “a morte pensada”, “a morte matada” ou “a morte morrida”, este tem necessariamente que estar vivo, porque de outra forma tornar-se-ia impossível tal esforço.  Portanto, a vida é antes de tudo, a única condição sob a qual podemos nos esforçar para dela sairmos ou permanecemos, melhor exemplificando, a vida é, sob certos aspectos uma “bolha” onde residimos, de modo que um simples gesto de respirar ou não respirar faz toda a diferença, incluindo o do estouro desta.

 Iniciamos o nosso  exercício do pensar, que resultará em mais um texto, este, com as premissas acima iniciadas, sabendo que, tal exercício  mesmo sem querer citar Immanuel Kant(1724-1804), mas consciente que tal esforço nos seria impossível sem  “bebermos em suas fontes”, especialmente no que tange aos seus Imperativos Categóricos,   iremos costurar este difícil tecido reflexivo também    mergulhados nas águas de  Sigmund Freud (1856-1939), este que tão bem pensou sobre a questão aqui levantada, em sua “pulsão de morte”. Contudo, vamos tomar alguns atalhos, isto é, seja por preguiça, seja por falta do “barro teórico”, que nos levaria de volta ao edifício desses dois gingantes do pensamento humano. Enfim, vamos que vamos em nossos serpeantes passos.  Mas em frente sempre!

Pois bem, o sentido da morte a ser tratada aqui é o da “morte pensada” que, a nosso ver, nos facilitaria o melhor manejo das ferramentas teóricas, isto é, o exercício da reflexão como acima aludido e proposto. Entendendo que “a morte pensada” também pode nos levar a” morte matada ou morrida”.

Voltando à alusão da bolha. Pensar na morte é, ainda assim, inflar-se utilizando-se do frágil “tecido”, que constitui a bolha. Imagine todos nós dentro de um espaço constituído de uma bolha de sabão – a um leve movimento, incluindo o de pensar – e lá se foi a bolha!
Pensar na morte é antes de tudo uma experiencia. Tal experiencia não nos seria possível se não ocorresse no âmbito da vida. Isto é, não podemos ter nenhuma experiencia ainda que sobre a morte, sem que em nós não esteja latejante a vida!

A vida é, portanto, o motor de todos os nossos movimentos.  Um motor pode sofrer avalia, porém, este, pode dentro das condições técnicas, ser reparado e até reciclado. Aqui entra algo que é de natureza conceitual e imagética. Em outras palavras, a morte pensada como “alivio” (?), “correção” (?), dos nossos males e defeitos. É aqui também que a coisa fica por demais complexa. De modo que seguir em frente com este assunto, exige também sofisticadas ferramentas!
 
Em se tratando de sofisticadas ferramentas, principalmente no tocante ao enfrentamento das graves questões do nosso tempo, entre estas, o aumento do suicídio mormente entre os jovens, faz-nos necessário volver ao “edifício kantiano”, e mais especificamente: “como agir”? E a resposta também não poderia ser de outro - um Imperativo Categórico, ou seja, “devemos agir de tal maneira que “a nossa ação possa se tornar em uma referência universal”. Portanto, dizer “Sim” à vida, em que pese as circunstâncias que possam ter nos levados a pensar na morte como “alívio”, é sim, o melhor remédio não só para as nossas dores imediatas, mas as dores futuras dos outros!

E ainda nos agarrando às sofisticadas ferramentas. O que nos leva a pensar e até desejar a morte, seria aquilo que Sigmund Freud (1856-1939) chama de “Pulsão de Morte”. Entenda pulsão como algo que contem força e nos movimenta a algo. E, assim sendo, vamos aproveitar da “natureza desta força” para, ao invés de autodestruirmos com ela, encararmos a morte de frente, e, aprendermos mais a respeito das condições humanas, incluindo aquelas que nos faz pensar na morte.

Enfim, a condição humana é de tal ordem que nos permite aludir a criação de “ferramentas” para se pensar em enfrentar a morte – que outra condição nos seria possível? Mas pensando bem, uma coisa precisa ser dita. Na verdade, o que devemos mesmo é aprender mais sobre a importância da vida, a mesma que comparamos a uma bolha. Então, aproveitando o tempo que ainda me resta, eu espero tê-lo bem aproveitado chamando atenção de que vale a pena viver!

Aproveite!








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