O trágico traços do tempo
Por Gilvaldo
Quinzeiro
Em tempo
regido sob a égide da pós-verdade, somos inflados de opiniões, obesos de tanto
orgulho, mas magricela quando o assunto é pé no chão! Aliás, não há chão algum quando os pés se
incham de inveja dos pássaros que ralaram o bucho no ninho feito de espinho
antes alçarem voo; tudo se transformou em vagos territórios preenchidos pelas
primeiras impressões. Ninguém ousa ir além das porteiras. Do gado não se
distinguem mais seus chocalhos; nem dos gatos, o olho frito do peixe. Dos
porcos, estes sim se conhecem mais, pois a lama onde estes fuçam nos nivela por
baixo – no fundo bueiro!
Mas não
pensem, meus filhos, que somos hoje mais livres, pelo contrário, a falta da busca
da verdade, tornam-nos cegos gados dos currais das opiniões alheias!
Pertencemos ardentemente
ao outro, que não sabe quão arrogantemente se nutre dos nossos famintos olhos.
O quão trágico
é a falta de espelho!
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