O Brasil com suas chagas abertas diante de um novo ciclo constitucional?


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

O caso em que o Presidente Bolsonaro concedeu indulto ou tecnicamente – Graça -  ao Deputado Federal Daniel Silveira, logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) tê-lo condenado a 8 anos e 9 meses de prisão, em que pese os mais embasados argumentos jurídicos contrário ou a favor, revela um país já em carne viva marchando em passos acelerados para o pior dos cenários -  um Brasil sem a proteção da ‘pele institucional’.

 O que está em curso no Brasil, portanto, não é de hoje, e nem se limita aos embates da disputa eleitoral do ano de 2022.  A questão é bem mais complexa. Se olharmos a História do Brasil constataremos que vivemos de ‘ciclos constitucionais’.  E um ciclo constitucional deve ser entendido pelo período em que as normas civilizatórias sejam respeitadas pelo conjunto da sociedade. Em outras palavras, – o Brasil defendido bravamente por Ulysses Guimarães (1916-1992) e da vigência da Constituição por ele tão bem conduzida, a de 1988 – acabou(?).

O Brasil deverá entrar em um novo ‘ciclo constitucional’? Se assim for, então os ratos e os gatos da atual conjuntura   que construam   um novo pacto civilizatório? Os desafios que tais condições nos colocam sobre os ombros são, portanto, gigantescos!

O dito aqui chama atenção para o seguinte.  Primeiro.  Não é com o ‘discurso pronto’ que iremos convencer as massas para a necessidade de mudanças. Segundo. Não é   inflamando as ruas com as paranoias      das redes sociais que iremos afugentar os nossos reais problemas. Terceiro. Não é amedrontando o povo com pregações apocalípticas que vamos apaziguar as nossas mentes adormentadas pelo real encarecimento do preço pão!

Em outras palavras, nunca precisamos ser humanos e racionais como agora! É a racionalidade, e não o pavor ou as paixões que irá nos servir de critérios para a interpretação dos difíceis dias em que vivemos!

A luta por Liberdade precisa vir acompanhada pelo discernimento e a temperança civilizatória! Não se pode fazer em nome da Liberdade o que seja contrário as normas civilizatórias.

Enfim, é   incrível ver os mesmos homens que defendem ardorosamente o lema “Ordem e Progresso “ estampado em nossa Bandeira; bandeira essa hoje tão maltratada, sendo os mesmos a apostarem no enfraquecimento das instituições nacionais!  

 

Por fim, o pior que poderá nos ocorrer neste exato momento é a quebra da normalidade institucional!  Por que?  Porque quando do caos estabelecido as “novas ordens” poderão vir do calor da noite, e escritas às pressas por mãos trêmulas de ódio ou por mentes adormentadas por seus fantasmas   ideologizados!

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