Três considerações sobre o sujeito na guerra da Ucrânia


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

Que guerra nos fere mais? A guerra midiática na qual plantamos a nossa autoimagem alimentada todos os dias com o desejo de que sejamos invejados pelo outro ou a bruta guerra onde fincamos os nossos pés esquecidos? Seja em que guerra for, estaremos espedaçados!

Ora o dito acima não é só uma provocação, como também uma introdução à consideração da constituição do sujeito em tempo de guerra como a que ocorre na Ucrânia, hoje no seu 57º dia, e numa escalada cada vez mais crescente.  Mas o que essa guerra da Ucrânia tem de diferente das outras guerras?

Primeiro.  A guerra da Ucrânia tem nos revelados ‘pedagogicamente’ entre outras coisas que o sujeito está fincado em ‘bolhas’, logo, o inquilino destas bolhas, o sujeito, é uma espécie de produto do sopro dos outros. A bolha do conforto. A bolha do consumo. A bolha da prosperidade. Eis a trempe, que nos faz esquecer que nossos pés estão fincados em alguma realidade – quaisquer que sejam essas realidades, o sujeito estará desenraizado –uma espécie de uma bela planta artificial a servir os ares dos estéreis ambientes!

 Em outras palavras, essa bolha e o próprio sujeito são transportáveis ou manipuláveis ao bel prazer de quem possui a força para sustentação deste sopro!

Segundo. As   “armas inteligentes”, que estão sendo utilizadas no campo de batalha contrastam com o baixo raciocino dos atuais líderes mundiais que, do conforto dos seus gabinetes, estão a empurrar o mundo para uma guerra em escala global. São como meninos hipnotizados em seus jogos de guerra!

Terceiro. A guerra na Ucrânia romperá com a bolha ilusória de todos nós! Porém, a consequência disso, se sobrevivermos, será sentida como uma gigantesca síndrome da abstinência – um sofrido reaprender a colocar de novo os pés em terras firmes!

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