A espiritualidade em tempos líquidos e os desafios da masculinidade em escalar as montanhas


Por Gilvaldo Quinzeiro


Se subir uma montanha aos gritos é a prova de que temos masculinidade, há cursos caros dando “certificado” neste sentido, e muitos homens raivosos sentados na Bíblia para realizar essas incursões – os chamados legendários -, é porque, penso, cada vez mais nos distanciamos da serenidade daquele jovem de 33 anos, que hoje dispensaria ganhar músculos numa academia ou fazer parte de quaisquer grupos de WhatsApp para pregar o mais poético e sensível de todos os discursos, a saber, o Sermão da Montanha!


Ora, somente uma masculinidade puída ou recheada de dúvidas, isso a psicanálise trata como inerente à condição humana, e que mesmo na tenra infância somos tecidos por uma sexualidade polimorfa; ter como ideal bíblico ser “macho como Jesus”, não é só erotizar o próprio Pão nosso de cada dia! – O que Freud diria charmosamente fumando seu charuto, é isso mesmo – ,  como também significa levar a espiritualidade ao mesmo nível das minhocas. Este é o nível máximo de toxidade, que pudemos chegar, não obstante, os amplos e reais cenários de guerras, incluindo, as de cunho espiritual!


Este é o preço de vivermos em tempos líquidos, como nos afirma Baumann. Tempos estes criados pelos mesmos interesses, que tornam o nome de Jesus Cristo em mais um  produto a ser voluptuosamente consumido! Tempos líquidos, mas nem por isso, com pescadores à altura dos desafios das águas em cursos.  


Fartas são as ilusões, que nos enfartam no percurso das suas efêmeras realizações!

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