A dupla face de todas coisas?



Por Gilvaldo Quinzeiro

Uma coisa é o que é, não importa quantos e quais olhos estão sobre ela. Mas os olhos sobre a coisa, não importa de quem quer que sejam, estes poderão sofrer para continuarem a pertencer a si mesmos, tal é o preço a pagar por estes verem a coisa.

Em outras palavras, o ato de ver pode em nada acrescentar sobre a coisa vista. Mas, os olhos sobre a coisa, estes nunca serão mais os mesmos.

O ato de ver nos torna ‘isca e peixe’ ao mesmo tempo.

Melhor faria o deus romano Janus que, por possuir duas faces, uma olhando para frente, a outra para trás, pois, no mínimo disfarçaria facilmente qual dos olhos sobre a coisa, fora o mais atingido. Isto é, haveriam olhos sobrando, a despeito daqueles que foram ‘cegos’.

Este deus romano de duas faces, nos faz pensar a respeito da face dupla presente em todas as coisas. Será? Penso, eu, que não seria nenhum exagero ver o mundo sob esta ótica, qual seja, a de que todas as coisas têm duas faces.

Dizem que entre as inúmeras antiguidades colecionadas por Sigmund Freud (1856 -1939), uma lhe merecia mais apreço, a representação do deus romano Janus. Em se tratando de Freud, ele, sabia o que estava fazendo!

Que diferença faz ver a realidade como sendo uma moeda, isto é, com duas faces? No que tal visão contribuiria para compreendermos o quadro caótico do mundo atual? É bem provável que nada! Mas, isso nos faria ver as coisas de maneira diferente!

Bem, tudo é espelho. A questão é saber com qual das nossas faces, estamos a contemplar o espelho do momento. Isto é, o que se ver no espelho não depende desse, pois, o mesmo é ‘cego’. Isso implica que não temos que ‘revirar’ os olhos, e sim, a cabeça.

Muito se tem falado, por exemplo, em se tratando de História, de que “os fatos se repetem”. Se isso for verdade, então, os acontecimentos de hoje exigem uma redobrada atenção, pois, podemos estar do lado de lá da roda.

Em certo sentido, Roma nunca desapareceu. Sigmund Freud também pensava assim.  Mas para ser sincero, os tempos atuais me fazem lembrar mais dos egípcios antigos, especialmente no tocante, ao ‘retorno’ das coisas!

Ufa!

E assim, diante do exposto, os mais antigos diriam, cuidado, “tenham um pé na frente e outro atrás”. Eis aqui a face de Janus. O mesmo que também é comparado a uma janela; o lado de dentro e o lado de fora.

Amém?

 

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