O nome das coisas, os sintomas, e a nossa falta de remédio
Por Gilvaldo Quinzeiro
Chama-me atenção no resgate dos 12 meninos a duas semanas
presos numa caverna, na Tailândia, até aqui bem sucedido!,diga-se de passagem,
o nome do time, “Javali Selvagem”.
Por que o nome do time “Javali Selvagem”? O que este nome suscita
no imaginário dos meninos? Por que escolher uma caverna para comemorar o
aniversário de um dos atletas?
Nós não vamos aqui entrar no mérito da questão, e muito
menos responder as perguntas aqui levantadas. Mas vamos falar dos “nomes das
coisas ou das coisas sem nomes”, e assim propor uma reflexão possível sobre os
lugares e as coisas, e se possível dá nomes aos nossos medos.
Para começar, vamos continuar questionando: qual à necessidade de nomearmos as coisas? O
que significa para um determinado grupo social uma coisa sem nome?
Pois bem, o nome de uma tempestade não a diminui ou a
simplifica, mas apenas revela o nosso medo de ver aquilo que não seja a nossa própria
face impressa nas coisas.
Em outras palavras, o nome que damos às coisas é também o
vão esforço de substituir as nossas mãos sobre as mesmas! Este é o jeito de
acreditar que podemos controlar tudo – mera ilusão de poder dormir tranquilo –
coisa hoje impossível, senão à base de poderosos ‘calmantes’! Aliás, o que
menos importa é o nome dos medicamentos que tomamos hoje, e sim, seus efeitos.
Seus efeitos, diga-se de passagem, cada vez mais duvidosos.
Estamos nos tornando doentes pelo simples fato de não
podermos mais nomear as coisas. Mas não perca o fôlego com isso: as vezes são
as coisas que nos denominam. E com isso, ganhamos destas não só “olhos, bocas e mãos”, como o seu espírito.
Como por exemplo, “Javali Selvagem”.
Como explicar a força, que manteve um time inteiro de garotos
presos por duas semanas no interior de uma caverna, a mesma em que morreu um experiente
explorador à caminho do resgate? O nome:
“Javali Selvagem”?
Bem, mais uma vez não vamos fazer nenhum esforço de
responder à pergunta levantada acima, mas apenas afirmar: estamos diante de uma
coisa!
O que é uma caverna, senão um lugar que nos ‘engole’ pelas
coisas que não levam os nossos nomes ou que nada revela sobre a nossa face.
Por fim, sim, hoje não conseguimos dar nomes as coisas,
dado a uma avalanche de coisas – todas tempestivas – será isso uma espécie de
caverna?! Por outro lado, isso indica também que perdemos a noção da nossa própria
face – fato este que gera toda uma carga de profusão de sintomas. E o maior dos
sintomas pode ser descrito assim: “o bicho que corre atrás de nós não é outro, senão,
nós mesmos”!
Viva o “Javali Selvagem”!
Uau 😱 .. Maravilha. Javali Selvagem, és que vc “ eu“
ResponderExcluirse identifica com cada escrita. Parabéns professor.