Os meios, as medidas e as conversas. Uma reflexão sobre os desperdícios



Por Gilvaldo Quinzeiro


O que mede o mundo civilizado: o desperdício ou a reciclagem? O Luxo ou o lixo? O isolamento ou a interação? A inserção no real ou o “afogamento” no virtual?

Qual a medida de todas as coisas: o homem, que só ver aquilo que antropomorfiza ou as coisas naquilo que esta a tudo coisifica?


Neste breve texto vamos trazer algumas reflexões acerca do cotidiano, em especial, das coisas acumuladas como o lixo e da nossa tendência em perdemos o contado com a vida; com a vida na Terra, diga-se de passagem.

Pois bem, se por um lado abundam-se as coisas, principalmente as artificiais as quais não se agrega   nenhum afeto, tal como as mensagens virtuais, em que pese o esforço e a dedicação de quem as envia; por outro, escasseia assustadoramente o “sinal de vida”, tal como uma velha e boa  prosa entre os amigos – coisa que na época da lamparina, era farta e útil.

Em que gesto ou coisa há vida hoje?

A cada novo estilo de vida ou modismo, menos se inclui, por exemplo, a simplicidade e a interação com o outro. Isto é, vivemos cada vez mais isolados, e viciados em conversas virtuais. Há quem pense que entre as novas gerações, não se fala e nem se ouve – mas que todos acreditam estar “ligado”.

O “está ligado” se associa também com aquilo que facilmente pode se desconectar, isto é, algo que depende do fluxo da rede. Aliás, em tempo de redes, as sociais, o isolamento, o individual, precede qualquer ideia de grupo, e, o que se fala substitui a conversa – que paradoxo não é mesmo?

Na verdade, neste tempo de mediado pelas comunicações das chamadas mídias sociais falta a conversa, aquela feita olho no olho.

A respeito disso, ouvi de um amigo o seguinte lamento: “hoje é necessário se pagar uma “diária” de conversa (expressão usada no meio rural para contratar um serviço), se não quiser perder a fala”! Aliás, é bom que se diga que um dos aspectos que assegurará a sobrevivência humana no atual quadro, será exatamente a nossa capacidade de preservar um código, isto é, de manter um nível de comunicação com os demais membros da sociedade por mínimo que seja.

Pensando bem, como ficou cara e difícil a vida! Como tudo mudou! Hoje vivemos numa época de acúmulos de desperdícios. Tudo que luxo facilmente se transforma e lixo. Não há mais espaço para se destinar o lixo.

Por fim, as pessoas se tornaram depósito do pior de todos os lixos: o lixo emocional!




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla