“A Verdade Vos Fará Livre”
Por Gilvaldo Quinzeiro
A escola de samba da Mangueira, a campeã do carnaval passado,
desfilou ontem no Rio de Janeiro, com o samba-enredo “A Verdade Vos Fará Livre”,
dos compositores Manu da Cuíca e Carlos Máximo. Mais do que um simples desfile,
a escola abriu ala para aquilo que talvez venha se constituir numa nova
teologia ao apontar o dedo para o ‘cristo’, que não mais abraça os pobres, as
minorias, e faz apologia ao uso de armas para exterminar os seus ‘inimigos’.
Sem dúvida alguma, trata-se um tapa na cara nos chamados ‘arautos da palavra’ -
no tempo de Jesus não foram estes também os seus algozes?
O carnaval é esta catarse a céu aberto, a ressignificação do
real. O real, que se despedaça, e necessita da fantasia. A Mangueira fez isto,
e muito mais, ela representou, cantou, gritou e abraçou todos es excluídos a despeito
dos ‘cidadãos do bem’ que não oferecem mais o outro lado da sua face, bem como
não reconhece face alguma que não seja a sua. Enfim, a deturpação e esgotamento
de todo o significado da mensagem de Jesus Cristo?
Ora, meus irmãos, há tempo eu venho chamando atenção para o
distanciamento das religiões no que diz respeito ao campo espiritual, isto é,
ao verdadeiro ensinamento de Jesus Cristo. O povo, as ovelhas, começa a ter a percepção
disso. Há, a meu ver, o esgotamento de
um certo tipo de pregação – aquela que promete os céus, mas seus pregadores
vivem mesmo é com seus pés fincados na terra, as vezes até mesmo na lama. Muitas
igrejas, invés de abraçar os necessitados da palavra, estão abraçando e até se ‘casando’,
com a política – a mesma que é fonte de escárnio a despeito do abandono e
miséria do povo.
Há um adoecimento silencioso em razão disso. Mais tarde não
haverá também hospitais.
Sinais das mudanças brutais do tempo ou não, no dia 29 de
março, ocorrerá em Belo Horizonte, “a marcha para satanás”, o que segundo os
seus organizadores, será um protesto em relação a hipocrisia presente nas
religiões dominantes.
Com a palavra, os da palavra!
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