O nome de Deus e a positividade tóxica
Por Gilvaldo Quinzeiro
O Brasil tem hoje uma sociedade muito doente! Não estou me
referindo a covid-19 e suas novas variantes como delta e ômicron. O povo brasileiro,
em que pese, o crescimento da construção de igrejas, bem como ao número de seus
frequentadores, está doente da alma! Ninguém pode negar que o ‘nome de Deus’
tem sido usado frouxamente nos últimos dias para as mais banais e bárbaras das
justificativas!
“Deus é fiel” se tornou o marketing usado até entre briga de
vizinhos – cada um justificando para si o merecimento da derrota do outro - que
Deus?
No ano passado, uma cidade do interior de Goiás ficou 3 dias
‘sem dormir’ na expectativa de que se cumprisse a palavra de um pastor, que
havia dito que ressuscitaria no terceiro dia após sua morte – seu corpo foi
enterrado frio como os dos outros mortais – contrariando a esperança cega de
muitos!
Infelizmente, a fila dos que acreditam ser os primeiros, os
melhores ou os escolhidos tem aumentado! O ‘novo barco de Noé’ diferente do
primeiro, exclui. Há um afogamento dos nossos líderes religiosos na soberba!
Entretanto, na mais otimistas das análises vivemos a febre
da positividade tóxica – aquela que, por exemplo, em plena pandemia se dá ao
luxo de negar a eficácia da vacina! Gente que acredita seriamente possuir o mais
forte e protegido dos sistemas imunológicos! Gente que nega o árduo e
sistemático trabalho da ciência, o mesmo trabalho que colocou a multifuncionalidade do celular
em suas mãos – com rasos argumentos! Gente que como o presidente Jair Messias
Bolsonaro entre tantas asneiras já cometidas questiona em tom de deboche negacionista
“qual o interesse da Anvisa em vacinar crianças”?
E nesta onda seguem as marchas, os retiros, os delírios! Uma
multidão carente de si mesma!
Nesta semana, em São Paulo um coach liderou uma excursão com
32 pessoas ao pico de uma montanha, em
condições climáticas adversas, onde uma tragédia só foi evitada depois da ajuda
do corpo de bombeiro. “Uma irresponsabilidade”, disse o chefe dos bombeiros.
Enfim, não há uma época mais fértil para o surgimento dos ‘messias’,
dos ‘salvadores’, dos ‘profetas’, dos ‘lideres’, como a solapada por crises e
por caos tal como a que vivemos
atualmente – um perigo para as massas de incautos!
Cuidado! Positividade sem o amparo da racionalidade é o negacionismo
a ceifar vidas!
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