O filosofar pela fresta do caos. Era uma vez a bendita normalidade?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Não queira ser o sapato de Putin. Não queira ser o
travesseiro de Zelensky. Não queira ser o botão da braguilha de Biden. Não
queira ser o terno de um cabo eleitoral das eleições municipais, que se avizinham,
e, muito menos, não queira ser a garganta de um professor em sala de aula com
alunos armados de estilete ou canivete! .... Queira ser o barro daquilo que nunca
mais será como antes!
Assim como na Idade Média, salva-se hoje quem possuir
armaduras? O que dizer da nossa arquitetura? O que motiva a construção de tantos
condomínios fechados?
Como explicar a intolerância e o ódio cercado por tanto
templos e catedrais? Como explicar a escassez
de elegância com a fartura dos que praticam a eloquência?
Como explicar a falta quando todos creem
ter fé?
O dito acima é uma introdução ao que presumo ser um ensaio filosófico.
Um ensaio filosófico, cara pálida? Sim, mas sem a pretensão de fazer uso do
prumo da filosofia ou de se filiar esta ou aquela escola filosófica. O que se pretende
aqui é algo de natureza errática como aquelas ‘cercas de engano’ dos roçados do
sertão. Ou seja, o nosso compromisso
aqui é com o serpentear humano...
O que iremos fazer aqui é um mergulhar pela ‘fresta’ de uma nova
construção de reboco, tal qual aquelas que, no período de chuvas não resistem
aos primeiros pingos d’águas. Estamos
nos referindo aqui ao mais grosso filosofar!
É através dessa fresta que iremos olhar para o mundo. É
desta fresta que vemos a condição oca de todas as coisas: não haverá mais a volta da’ bendita
normalidade’ senão aquela em que nós haveremos de ela nos acostumar. Este se ‘acostumar’
ao vir-a- ser de uma duvidosa normalidade, pode ser compreendido como o pular
de uma perna só ou o engatinhar de quatro.
Dizer que não teremos mais a volta da ‘bendita normalidade’,
exceto aquela a ser por nós inventada,
é intuir que não devemos procurar o conforto! O conforto dos conceitos
envelhecidos; o conforto das duvidosas receitas sobre o bem-viver!
Bem, esta de todo não é uma má notícia, assim como não seria
no Egito Antigo em que a normalidade ali se constituía em ‘parir pedras’ para se
erguer os seus gigantescos momentos numa região banhada pelos desertos ou pelas
águas do Nilo.
Agora, a péssima notícia, no entanto, é que aquilo que vamos
convencionar chamar daqui para a frente de ‘normalidade’, será fruto da nossa
criatividade artística; uma criatividade artística para reinventar o ilusório,
o sagrado e o concreto. Uma criatividade artística para reinventar a vida e a morte
– um lençol que, por mais comprido, ainda assim, não nos protegerá o corpo do
frio!
Este lençol, por fim, não poderá ser de outra natureza, senão
do barro antropomórfico. Que venham muitas dores para nos vestir de nós mesmos!
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