Sim, primo, está claro?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Antes do domínio do fogo e da escolha das pedras para se
fazer uma trempe, a distinção entre a carne da caça e da mão ensanguentada do
caçador era feita no ato também violento de morder; de morder aquilo que poucas
horas antes era escorregadio e saltitante. Entretanto, foi a dança entorno da fogueira,
que deu um novo sentido do que é ter uma barriga cheia – cheia também daquilo
que agora se formata na condição de um espirito!
É estranho hoje nos perguntar no entorno de que ou de quem
dançamos? Porém, o mais estranho é constatar que não sabemos mesmo por onde
andam as nossas mãos, quando tudo é tão próximo da nossa boca. Aliás, o que
engolimos não nos faz ter espirito algum?
É claro que hoje tudo é boca: é impossível atravessar os espelhos sem ser devorado
pela experiência das sombras!
Comentários
Postar um comentário