Da série psicanálise & provocações (l)


Os eternos bebês no quarto 

Por Gilvaldo Quinzeiro 


1 - Mais do que um conflito entre a geração dos pais e filhos, típica dos anos 60 , 70 e 80, estamos tendo agora a edificação de uma nova topografia: mundos de fachadas; bolhas narcisicamente tóxicas; sujeitos desenraizados a surfar em rasas ondas!


2- O Édipo de hoje não possui “pés inchados”, pois pouco se pisa no chão, mas a boca rasgada pelo desejo traidor de permanecer no quarto.


3 -  O cordão umbilical se encompridou, mas o mesmo não se pode afirmar sobre a fartura de  seios .


4 -Há choros e gritos silenciosos; viagens a paraísos e guerras deflagradas ao mundo sem sequer deixar  o quarto.


5- O quarto não pode ser pensado no singular , mas numa profusão de significados - uma espécie de extensão do útero.


6- Por ausência dos pais,estes,  também presos em seus mundos de mentirinhas, há introjeção da imago dos monstros de pelúcias ou dos animais de estimação por parte dos filhos - únicos visitantes deste escuro quarto (?).


7 - É urgente se pensar na psicologia das coisas.


 8-  Nesta nova topografia só há espaço para “os espelhos meus”, e umbigos a crescerem no lugar dos pés, das  mãos e da cabeça. Ou seja, há entre nós quem não seja um de nós.


9- Por fim, vivemos em uma sociedade, que  se tornou numa fábrica de “belas adormecidas”  e de príncipes narcísicos a beijarem a própria imagem!




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