O narcisismo do homem contemporâneo e a verruga no espelho da manifestação da Avenida Paulista


Por Gilvaldo Quinzeiro 


O problema do homem contemporâneo mais do que o seu narcisismo, é , ao inflar a sua própria imagem, quebrar o espelho. Ou seja, se antes este já era cego para o espelho que não refletisse a face que não fosse a sua, agora se afogou de vez naquilo que não lhe é fonte de ilusão.


Uma ferida narcísica, a exemplo do ocorreu com o geocentrismo, quando da quebra deste paradigma ocasionado pelo  heliocentrismo , afetou por conseguinte a forma como o homem se via . Digamos que ali nasceu uma “verruga" na ponta do seu nariz. Essa verruga aumentou de tamanho por conta de mais dois  golpes sofridos em nossa autoimagem, a saber, por conta do evolucionismo de Charles Darwin e do inconsciente freudiano.


O homem contemporâneo, a despeito de todas as suas conquistas, é um sujeito derrotado pelo próprio espelho. Um inseto em repouso num galho de árvore concorre com  a nossa carência por aplausos!


Vivemos, pois ,  uma crise de feições múltiplas.


Amanhã, a Avenida Paulista estará banhada por gente ferida em seu orgulho narcísico, um furo no espelho, que engordava sua ilusão! Um suspiro para apagar  a verruga, que lhe aumentou bem no centro do seu nariz empinado.


Ora, aceitar a desilusão, isto é, o choque da realidade não é um exercício fácil . E para um bolsonarista, então, só Deus na causa. A questão, contudo, é, por que causa Deus se fará presente na Avenida Paulista se se os que estarão ali não pedirão e nem ajoelharão pelas suas imperfeições?


Por fim , algo do tipo ecoará aos céus da Avenida Paulista: “ espelho, espelho meu, há alguém na terra mais perfeito do que eu”?

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