O diabo da nossa subjetividade é o avesso da realidade



Por Gilvaldo Quinzeiro


Para compreendermos gravidade das guerras de narrativas como ponto de “costura” daquilo ousamos chamar de “realidade” ou “normalidade”, isto é, daquilo que podemos aceitá-lo, adjava-lo, subjetivá-lo ou subvertê-lo, é, tal qual a condição daquele Rei descrito no conto de Hans Cristian Andersen, que, não obstante, a sua completa nudez, imaginava-se estar luxuosamente vestido.


Em outras palavras, estamos inseridos numa ordem de coisas cujos tecidos ou cuja costuras estão se rompendo. De sorte que o Rei/Realidade será por forças dessas circunstâncias Destronado?


A questão central do nosso tempo é:  o que fazer com os falsos tecidos com os quais nos sentíamos vestidos? Ou o que fazer com os olhos que não mais contemplam a roupa do Rei? Ou ainda como esconder a nudez diante daquilo que sempre foi obvio?


“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará “(João 8:32). Coincidência ou não, essa citação bíblica se tornou uma espécie de refrão na boca e nas línguas de todas as “tribos”. Entretanto a questão é, saber da “verdade” é se dá conta de que estamos todos nus – todos, incluindo aqueles que estão pagando caros para manter a cegueira que os faz ver luxuosamente vestidos! “Amém”?


Ora, é claro que tudo isso revela um mal-estar na civilização! A razão, como pensavam os iluministas do século XVIII, e em especial, a ciência, hoje, mais do que nunca voltada para si mesma, isto é, afundada em suas especificidades, não consegue olhar nos olhos das massas.  E as massas, “pílulas” para muitas visões ou o “barro” para muitas construções, sem as quais não haveria “o Rei Vestido”.


O que fazer com as massas é colírio apenas para quem quer mantê-la com os olhos fechados!


A polêmica a respeito da Abertura dos Jogos Olímpicos, na França, o ápice dos ideais iluministas, foi, de um certo modo, o dedo apontado para o avesso das nossas vestimentas – e este avesso é o mais intimamente colado a nossa completa nudez.

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