Os novos Nero e o mundo pegando fogo: os sinais de secas de homens?


Por Gilvaldo Quinzeiro

A maioria dos humanos, penso, não consegue amadurecer para além dos seus cinco anos de idade. E no mundo povoado por brinquedos luminosos e inteligentes como o nosso na atualidade, ser adulto se tornou um paradoxo; algo no sentido prático raro e até com certo aspecto de saudosismo.  Em certo sentido, pelo que tenho pensado, estamos sempre retornando ou orbitando a nossa criança de cinco anos de idade. Chegar aos seis ou oito anos é necessário um retorno para uma outra vida!  

É claro que o dito acima possui uma certa pitada de humor sarcástico. Mas esta tem sido minha forma de pensar!

Já faz algum tempo que eu venho me dedicando a escrever e a refletir a respeito da “seca de homens”. Ou seja, eu tenho partido da premissa de que o mundo atual está carente de lideranças   capazes de pensar, o que de um certo modo também nos impede de antecipar no enfrentamento dos nossos graves problemas planetários.  E infelizmente, os fatos têm revelado que eu estava certo(?)...

Pois bem, neste texto, eu quero retomar essa reflexão acerca da “seca de homens”. E o meu ponto de partida para isso é a chegada de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, em seu segundo mandato, depois de ter sido eleito com incontestável e   esmagadora votação. É do conhecimento do mundo que Trump conta com uma equipe de assessores como Elon Musk, um bilionário das big techs ou mais precisamente uma criança de posse dos seus perigosos e viciantes brinquedos, o que faz com que, pelo que nos parece, lidam com as questões de geopolítica como se estivessem numa disputada partida desses jogos eletrônicos, que tanto viciam os jovens de hoje.

Muitos analistas já estão chamando Donald Trump de Nero, em alusão as tarifas aplicadas aos países do mundo, incluindo seus parceiros como Israel, e que o efeito de tais medidas é uma espécie de um “tiro no pé” na própria economia dos Estados Unidos. Não esquecendo que Nero tocou fogo em Roma, daí a comparação.

Depois de provocar um “incêndio” sem sinais de contenção, Donald Trump agora espera “confortavelmente” em uma sala da Casa Branca que o mundo venha lhe “beijar as botas”. Enquanto isso, as ruas das principais cidades dos Estados Unidos estão sendo tomadas por gigantescos protestos da população contra a sua política. Isso sem falar na decisão firme da China de colocar mais combustível na fogueira!

 Para o bilionário Bill Ackman, fundador da Pershing Square e um apoiador de Trump, os   EUA vão mergulhar num "inverno nuclear econômico autoinflingido", caso Trump insista com o curso da sua atual política tarifária!

Eu diria que a chamada guerra comercial decretada por Donald Trump é apenas um eufemismo da “guerra real” já em andamento como consequência de tais medidas nas trincheiras econômicas. Em outras palavras, a “belle époque” já acabou e o glamour dos cafés, bares, shoppings e restaurantes já faz parte do passado – do passado recente como a bela tarde de ontem!

O que eu estou chamando de “belle époque” na versão dos nossos dias, diz respeito às nossas “bolhas ilusórias “, lugar em que acreditamos estar protegidos das verdades frustrantes, e  que, tal como uma bolha de sabão são belíssimas, mas  não duram um sopro de uma respiração!

Sim, somos inquilinos de bolhas ilusórias nas quais, para evitar o seu estouro, prendemos a respiração, ao mesmo tempo em  que somos inflados por um falso sentimento de bem-estar num instante em fazemos pose para uma foto, que, se não for “curtida” nos sentiremos  completamente esmagados!  

 

 


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