A morte: um discurso sobre vazio!
Por Gilvaldo
Quinzeiro
No quadro
acima “ A vida e a Morte”, de Gustav Glimt, a morte, a despeito do nosso esperneio, nos perscruta o
tempo todo, tal como a cobra a sua presa – a qualquer deslize, e lá estará a
morte fazendo o que melhor sabe fazer!
Ao menos na
arte podemos enfrentar a morte, contudo, ainda assim, nada há nela que se
aproveite – ou não? Ora, como podemos saber, senão morrendo realmente!
Eis aqui o
homem se erguendo da sua condição argilosa para questionar aquilo que nem os
deuses respondem: sobre o útero da morte!
A morte, por
mais paradoxal que seja, não nos abandonará nunca! Talvez o melhor que devêssemos
fazer, seria dormir com ela? Por que
não? Ora, acordar seja de que jeito for,
não significa ter nos desvencilhados da morte: ela continuará a nos perscrutar!
Freud nos fala
em alto e bom tom, da nossa “Pulsão de
Morte” como algo inerente a natureza humana, e, pasme!, pulsante!
A morte em
Freud (não a de Freud), é “o lá dentro”
a nos atirar para “o lá fora” na
perspectiva ‘encantadora’ de “o lá de fora”, substituir “o lá de dentro”. Veja,
o dito aqui não nos coloca diante de outra coisa, senão do próprio homem.
O homem nada
mais é do que suas incertezas, inclusive sobre aquilo em que não se paira nenhuma dúvida: a certeza da
morte!
A Psicanálise,
portanto, nos proporciona ‘pescar’ a
morte antes que esta nos pesque. Talvez
seja este o sopro mais eficaz contra a morte: não no sentido de eliminá-la, mas
de dá a ela um discurso.
Sim, é possível se aludir ao discurso da morte: como não, se ela é aquilo que do homem se antropomorfiza?
Nas fantasias e
sonhos das crianças, por exemplo, a
morte é uma presença constante - quase
um brinquedo a desafiar seus dons para a vida! Talvez devêssemos prestar mais
atenção não só as narrativas das crianças sobre a morte, mas sobretudo, dá a
estas a proteção que aos adultos também falta.
Nos últimos
dias, eu tenho tido a oportunidade de poder ouvir muito sobre morte, e suas
alegorias, inclusive nas narrativas de
crianças, como também em razão da perda prematura, mas definitiva, de amigos.
O que aprendi
sobre a morte nestes dias? – Nada! Mas sobre a vida, eu aprendi o suficiente para, ao menos, visitar
os meus amigos, antes que seja tarde demais!
Comentários
Postar um comentário