“Eram uns garotos assim como eu”?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Alguma coisa me faz pensar, e muito! Outras, me fazem
lamentar! Há aquelas, porém, com as quais, se eu não aprender, sinceramente, eu
estarei frito! Ver por exemplo, uma boa parte dos homens da minha geração,
alguns da minha idade, até então, combativos líderes políticos ou empresários
de uma visão futurista, na prisão – meu Deus! Por que eu escapei?
Enfim, somos todos
frutos de uma época. Mas que época? Que
tipos de relações têm os homens desta época uns com outros? Que tipo de homens somos?
Há pouco tempo falávamos do ‘fim das utopias’. Hoje estamos
sepultando os homens ainda vivos – por que será?
Alguns desses homens presos e hoje de cabeça raspada, eram
os mesmos ‘cabeludos’ e sonhadores de outrora?
E eu aqui quase com meus cabelos brancos: meu Deus! “Eram
uns garotos assim como eu”?
Se levarmos em conta as canções de hoje, canções não, ‘hits’,
‘pancadas’, ‘pedradas’ e sei lá mais o quê -, vamos constatar, então, que já
não choramos porque também nos faltam as lágrimas – tudo é tão esfolado ou em
carne viva! Mas do que mesmo sofrem hoje os nossos ouvidos?
Por onde anda Belchior, aquele mesmo que era apenas “um
rapaz latino-americano sem dinheiro no banco”(...)?
O tempo é este moinho. As saudades e os sonhos serão
triturados. Que pena?
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