Carnaval: o trágico e o dionisíaco?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Enfim, mais um carnaval, e logo mais, a quarta-feira de
cinzas. E de novo a saudosa constatação de que “bom mesmo eram os velhos carnavais”?
Ao menos numa coisa o carnaval desse ano é igual aos outros:
é o e o dom da carne humana! E assim sendo, não poderia nascer das entranhas de
outro deus, senão das de Dionísio.
Graças aos gregos, temos um deus ‘humano’, em carne e osso.
Oba! Vamos celebrá-lo?
Este é o espírito do carnaval, o da celebração dionisíaca!
A carne, que sangra e se dilacera no trágico cotidiano,
onde todos, aos olhos espinhosos dos outros, tomam sobre os ombros a sua cruz,
acreditando fazer do seu sofrer o sagrado; é a mesma carne que se rende ao dionisíaco,
quando o gozo é também tomado como uma espécie de ‘crucificação’ – os 3 dias sagrados
de carnaval!
O carnaval é o trágico ‘espichado’ pela algazarra humana –
uma espécie de ‘dia da caça’, depois de tanto cair em armadilhas! No dizer freudiano
seria uma espécie de catarse, e no meu, eu diria: o ir lá no fundo do próprio ‘vômito’.
Mas o que é o trágico, quando o banal é aquilo que também
nos esfola? Ou de onde tirar a fantasia, quando as máscaras são todas reais?
Bem, é aqui que chegamos à conclusão de que da realidade,
ninguém escapa, mesmo quando dela só se usa as máscaras!
Por fim, será esta realidade a ‘cachaça’, que nos embriaga
ou carnaval o engenho, que tritura a nossa carne já bem sambada?
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