Eu, o peixe também das minhas desilusões


  
Por Gilvaldo Quinzeiro


Abrir a janela no afã de ver o sol da manhã brotar dentro de casa, é fácil. Muitos fazem disso um hábito enfadonho e sem nenhuma intenção poética: tudo com a mera pressa de fugir da escuridão e do frio da noite passada, e nada mais!

 ‘Pescar’ o dia de hoje fazendo do último fôlego a isca – eis o abrir da verdadeira janela - isso só nos será possível quando compreendermos   também que o ‘peixe’ de ontem, nada agora para além do mar que constitui a intenção deste momento!

A vida não é só aquilo que nos escapa como peixe por entre os dedos, mas o que também permanece, e se emprenha e se engraça de nós mesmos!

Valorizar ou reciclar o que ainda nos resta nas mãos, a parte nossa de cada dia, nos pouparia o tempo, a cabeça e os pés correndo atrás daquilo que já se foi, e que em outras águas, talvez até mais escuras, tenta sobreviver se passando não mais por peixe, e sim por jacaré.

As vezes a fome de peixe é que nos faz esquecer o mar!... Ah quantos mares banhados e esquecidos na seca e acerca do que pescar?

Ser pescador de si mesmo é mar para todas as vidas!

                                                  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla