O "oxente" das eleições: que diabo é isso?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Este texto tenta captar o olhar do sertão, como se diz, “para
o nascente”, no que tange o momento eleitoral conturbado pelo qual passa o
Brasil. E por que o olhar do sertão? Exatamente pelo aspecto místico e messiânico
que ganhou a disputa eleitoral – algo antropologicamente intrínseco ao nosso
imaginário!
Entender esse “imaginário” é fundamental no que se refere a
nossa compreensão do atual grau de complexidade em que a questão levantada se
insere: que diabos plantamos para colhermos tantos fantasmas?
Para atingirmos a nossa meta vamos percorrer um espinhoso
caminho tal qual as veredas do sertão. A cada volta uma sombra; uma moita; uma
pedra... Que queiramos ou não somos todos uma espécie de ‘sabugo’ à espera de
uma benção!
E para começar a nossa visão cabocla, eis uma assombrosa
constatação: nunca “deus e o diabo” foram tão invocados, citados, comparados
numa eleição quanto esta, que está em curso! Até parece que estamos encenando o
“Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna (1927-2014). Pastores e padres,
crentes e ateus nunca protagonizaram tantas cenas bizarras – dignas de um “João
Grilo". Aliás, é bom que se diga que assim como
nos tempos de Antônio Conselheiro, hoje, o solo é fértil para o surgimento de
tantos ‘messias’!
E por falar neste ambiente místico ou religioso, que vem contornando
o processo eleitoral, diga-se passagem que tal é a coisa que o aspecto político
vem ficando em segundo plano –, nada mais se coaduna com tal ambiente que a
prática de sacrifícios – rezemos para que não haja outro atentado! Quem têm
ouvidos que ouça!
Pois bem, tal é a gravidade da situação vivida por todos
nós, de sorte que o Brasil se tornou numa espécie de “travessia do Mar Vermelho”,
porém, com muitas promessas, mas pouca esperança; muitos líderes, mas nenhum
que chegue ao menos aos pés de Moisés!
Iremos todos morrer à beira da praia? Para onde marchamos?
Quem nos espera lá do outro lado?
De fato, há no ar um cheiro de pólvora e enxofre, um misto
de alguma coisa, que nos lembra a santa inquisição e a luneta de Galileu Galilei
(1564-1642).
Mas voltando à nossa escuta das brenhas do sertão, e em
conformidade com esta escuta, nada sintetiza tal momento como o seguinte dito: “a
roda grande passando por dentro da pequena”! Sim, isso soa meio que barroco,
apocalítico, dual, mas este é o sertão que é prenhe do mar, e para o mar se movimenta
em serpenteio!...
Ontem à noite, eu e os poetas Renato Meneses e Carloman Rocha
fazíamos uma leitura do atual momento, e chegamos a uma conclusão: O Brasil
vive uma situação muito delicada, e que merece uma atenção muito apurada para o
desenrolar dos fatos!
Ficar fazendo comparações entre “Jesus e Judas”; o bem e mal
- não nos parece ser racional, e nem nos evitará que caiamos na mesma vala-comum.
Uma Luz como aquela pensada pelos iluministas até que nos faria bem!...
Por fim, outubro mês da votação é também o mês das bruxas!
Oxalá que os “cavaleiros sem cabeças” não tomem de conta das nossas ruas.
Amém!
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