O feio e o nada
Por Gilvaldo Quinzeiro
O feio e o nada, eis o tijolo e o cimento com o qual
erigimos as feições dos nossos dias! As feições dos nossos dias hoje cicatrizadas e
anoitecidas pela contemplação das barbáries!
Mas o que é o feio? O feio é, por exemplo, o ódio que nos
alimenta todos os dias, enquanto sangramos pela boca de fome afetiva! O feio é,
por exemplo, a indústria do preconceito, do racismo e da intolerância a ganhar
proporções cada vez mais gigantesca, enquanto nos sentirmos orgulhosamente a
despeito de tudo isso, cidadãos do bem!
Mas o que é o nada? O nada é, por exemplo, tudo aquilo que
ódio alavanca! E o que temos alavancado? – as mãos sujas pelo gesto de repulsa
em relação ao outro.
O nada é a exposição dos intestinos, quando, pelo ódio, já
perdemos a cabeça.
Por fim, o que melhor representaria o feio e o nada, senão a
nossa política. De fato, não há como não
sentir asco; não há como não tampar a boca e o nariz diante das condições
políticas vigentes.
Os porcos, os urubus e
os sapos que me perdoem, mas nunca fomos
tão próximos e tão parecidos!
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