O jogo da vida



Por Gilvaldo Quinzeiro


“Bola está dominada nos pés de Tostão, que passou para Gerson, este rapidamente deixou a pelota com Pelé, que driblou um, driblou dois, bateu rasteiro e é gol”!

No jogo da vida, onde toda bola ganha é em seguida perdida, o melhor drible é não se prender   a nada.  Não que o nada seja de fato o nada, mas é que tudo nos exige a liberdade da atenção. Há uma paisagem imensa e variada para além de cada lance disputado; é para além disso que o jogo fica de fato decisivo, não importando se a maior das torcidas é contra ou a favor. No final, no ‘apagar das luzes’ como diriam os velhos e saudosos narradores esportivos, o que se conquista mesmo é o aprendizado – o que seria merecidamente melhor, senão a aprendizagem?

No jogo da vida, o placar de “7 a 1” é lições. Aprender com as derrotas ou vitórias significa se posicionar bem em todas as jogadas...   

No jogo da vida é impossível não “pisar na bola”. Logo esta que é visivelmente pequena quando comparada com tudo que de fato está em jogo. Por isso ganha importância a valorização dos intervalos; de uma boa respirada entre uma jogada e outra...

No jogo da vida, escorregar-se pode ser pior do que a queda, quando as regras do jogo não contemplam    a liberdade dos pés no chão...

No jogo da vida, temos que aprender a mais difícil e decisiva das jogadas que não é bater um pênalti já nos momentos finais dos acréscimos, mas driblar a si mesmo reconhecendo o tempo como o verdadeiro e implacável árbitro de todos os momentos.

No jogo da vida, a verdadeira vitória é quando você se torna dono de si mesmo, e aprende que no terreno das suas convicções, o adversário é sempre o tempo, e que o novo também faz parte do jogo...


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