E aí primo, ainda ‘humano’ e apressado?
Por Gilvaldo Quinzeiro
É estranho que a mesma sociedade, que aprendeu que o lixo possa
ser reaproveitado, e de fato, hoje sabemos que o luxo pode vir também do lixo,
recorra cada vez mais a prática de demonizar e expurgar o outro como estratégia
para assegurar o seu duvidoso conforto!
Ora, falar em
salvação de almas, ao mesmo tempo em que se lançam outras nos ‘aterros
sanitários’, mesmo que isso seja feita na intenção de ‘agradar aos céus’, é não
se dar conta do fracasso de salvar a si mesmo, posto que há em nós o que é sim
do outro.
O outro é essa coisa estranha sem a qual nós não poderíamos
dar conta de nós mesmos! De sorte que permanecer humano sem perder a empatia
pelo conjunto da humanidade mesmo quando esta, independentemente dos motivos,
ainda se encontre nas ‘trevas’, é, sem dúvida o maior de todos os nossos
desafios!
Apressar-se para ser o primeiro entre os poucos escolhidos
para entrar na Arca de Noé, pode até parecer razoável, mas deixar para atrás,
os ‘aterros sanitários’ onde ardem parte de nós substancialmente presente na
alma dos outros, é levar para Marte, Vênus ou para o paraíso a certeza dos
nossos fracassos aqui na Terra!
Claro! Isso não é tarefa fácil, e nem para um dia; para um
ano ou apenas uma determinada conjuntura; isso é tarefa para toda a vida, porque,
em quaisquer que sejam as épocas e as condições não passamos de meros seres
humanos!
Amém?
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