Os “novos dilúvios” e os caracteres conceituais !
Por Gilvaldo Quinzeiro
Aos que possuem pele, suas linhas, suas digitais e suas zonas de confortos. Aos que possuem só a escrita, o medo de mal interpretá-la sob ameaça de novos dilúvios!
O problema das escritas, em especial, as sagradas, é quando, por forças das águas, que regem o tempo, suas interpretações carecerem se não de novos caracteres, mas de um ajuste de interpretação das suas narrativas – um dilúvio para cada tempo em que durar as suas verdades!
Ora, os próprios deuses, fontes das escritas sagradas, mudam de vez em quando de nomes em conformidades aos novos lugares e tempos que os reverenciam! Por exemplo, Zeus, para os gregos, Jupiter para os romanos.
Nos tempos mais remotos, “copiar” os deuses alheios poderia até ter sido uma solução inovadora em tempo de crises. Mas não, certamente, para o império romano quando se converteu ao cristianismo. O cristianismo venceu! Mas o mesmo não se pode afirmar a respeito do império romano.
Pois bem, sem entrar no mérito da questão, e olhando para os nossos chuvosos dias, constatamos que hoje vivemos uma dupla crise: a das escritas sagradas, onde cada um arranca o caractere que bem lhe interessa, e a crise de, a que deus servir diante das fartas vantagens que todos estes nos oferecem!
Sim, vivemos um “novo diluvio”, para o qual mais do que um barco a ser construído, e a escolha de quem nele deverá se salvar, vamos precisar mais do que isso - redefinir quem nós somos! Porém, essas novas águas, nos coloca a frente de uma velha questão, qual seja, a questão narcísica e o naufrágio diante do espelho!
Eis o problema de quem tem a face semelhante à de Deus?
Os hindus, ao que nos parece, estão mais preparados para sobreviverem aos sacolejos das águas do tempo, pois, estes sabem da necessidade de se libertarem dos ciclos reecarnatórios, e mergulham todos os anos, nas águas do rio Ganges para se desprenderem das suas impurezas.
Por fim, eu vejo a necessidade de nos “reformatarmos”, isso equivale passar por uma reconfiguração conceitual que nos faça repensar os códigos, os símbolos, as linguagens. Os deuses sabem que entre eles e entre nós não mais nos entendemos!
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