UM PEIXE OU UMA ÁGUA CHAMADA FILOSOFIA? QUEM PESCOU QUEM?


Por Gilvaldo Quinzeiro

O hilozoismo ( do grego hyle, matéria; e zoe, vida) é uma doutrina filosófica , entre seus defensores Tales de Mileto, que postula que toda matéria possui vida, mesmo a inanimada. Tal pensamento é refutado pela ciência moderna. Mas quem segue o caminho das águas, há de se ancorar nesses portos, assim como Mileto e tantos outros tiveram que ir ao Egito beber das águas do misterioso Nilo!

Ora, isso nos faz voltar ao espírito que se movia sobre a face das Águas lá no início da Criação, para, depois, seguirmos a nossa linha de raciocino, que é o da primazia das águas!

O próprio pensar filosófico como o conhecemos hoje, nasce com Tales de Mileto, quando este buscava o arché, o princípio primordial de todas as coisas. E o que era este princípio primordial para Tales de Mileto senão a Água!

Portanto, Tales de Mileto se não foi ele próprio, um peixe, isto é, um bicho das Águas, mas sem dúvida fora um pescador um pescador não de peixe, aquele que sacia a nossa fome de comida, mas um pescador das Águas, aquelas que irrigam todas as almas, incluindo as  das artes como a música, a poesia, a pintura, etc.

 

A filosofia, que, oficialmente não nasceu no Egito, talvez por puro preconceito ou por um jogo de interesse geopolítico dos historiadores, enfim; e sim na Grécia, contudo, é aqui mesmo, apesar disso, tem sua origem aquosa.

Pensar Tales de Mileto pensando nas Águas é um mergulho no mesmo espelho, que afogou Narciso! Porém, com uma diferença: Tales de Mileto viu para além das Águas. E mais do que isso. Ele, Tales de Mileto, colocou o seu pensamento aquoso em todas as coisas, mesmo naquela que no dizer de Protágoras é a medida de todas as coisas, isto é, o homem.

Protágoras, assim como Narciso, embora com toda a sua sofisticação argumentativa, não viu nada além de si mesmo! Os mistérios das Águas ao que nos parece, não se revelam facilmente e nem para qualquer um. É preciso estar à sua altura para andar sobre sua face!

Um outro pescador que também foi ao Egito, ainda quando criança, e que certamente se encantou com as Águas do Nilo, ou seja,  Jesus Cristo. O mesmo Jesus, que não só fez com o uso da Água, o seu primeiro milagre, como nela se batizou e andou sobre a sua face. E que escolheu entre os seus discípulos pescadores, ensinando-os não só pescar o peixe, mas a alma.  Jesus   venceu também a batalha dos espelhos!

 

Ora, não é do espelho em si que estamos falando. Falamos de outra coisa, qual seja, o cristianismo é também das Águas, e um dos seus símbolos mais antigos é o peixe. Mas é também aqui que reside o perigo, a face do abismo. E qual seria este perigo senão o mesmo que afogou Narciso! Sim, a vaidade, a soberba!

Dito com outras palavras, o cristianismo há de saber lidar com as turbulências das Águas do nosso tempo, pois, a vaidade de muitos líderes não os faz ver os mistérios e os laços aquosos dos primórdios da sua criação. Há muito tempo  que já  não mais  se pescam almas, mas Moedas, assim como Judas!

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