...Então, estamos todos grávidos, mas, quem nos fará o parto?
Gilvaldo Quinzeiro
O mundo naquilo que se contorce, está literalmente grávido
doutro mundo, mas, até este dá à luz, nós seremos suas dores e contrações.
O dito acima,
tem uma implicação outra, a saber, a de que o corpo assume a condição apenas de
uma “cloaca”, enquanto o rebento, o vir a ser deste parto, já não é de nós
semelhante? Eis uma questão que no mínimo teremos que enfrentá-la de pé, pois,
as que subestimamos de cócoras, há tempo já nos fazem de sapo!
Pois bem, o corpo, quero dizer, é uma natureza, e
como tal é a “célula tronco” com a qual ao longo da História, se têm construído
também “os espelhos”, e para estes os corpos cujas imagens são também as dos
deuses, de quem somos semelhantes (?).
Mas, voltando a falar da “gravidez do mundo”, quão difícil
será este parto, posto que, das parteiras já lhes amputamos as mãos. Aliás, nem
com os ouvidos apalpamos a nossa dor, e, com estes desafinados, só nos sobram
os olhos arregalados, mas que nada veem!... Que olhos, viram?
Em suma, num tempo em que a pressa é erroneamente sinônimo
da perfeição, a dor que, com ela não se aprende, demora demais nas outras que se repetem.
Esta cara feia ai já é a sua de dor? Ou das dores,
Maria é o parto?
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