O oco do sujeito, e as imagens vivas das nossas feridas
Gilvaldo Quinzeiro
Num mundo marcado pelo imediatismo das “imagens midiáticas”,
onde uma curta aparição vale mais que
uma identidade a ser a construída ao longo de uma vida, o sujeito,
paradoxalmente se eclipsa, e se torna apenas em “algo esfolado” a ser devorado
pelos olhos famintos de uma plateia sem referencial algum. Em outras palavras,
a vida com suas dores e prazeres, ganhou uma dimensão outra, a de um reality
show. Um reality show, diga-se de
passagem, que, da realidade não imitada
nada, pois, esta, por ser feita da “carne viva”, já não tem mais do que brotar.
Neste contexto, a violência nas escolas, bem como a que se
espraia pela cidade, não é outra coisa,
senão “o esfolamento do sujeito”, como sacrifícios aos olhos que, diante
do espelho já não se ver... “O oco do
sujeito” é disso que estamos falando!
Ora, se o sujeito antes já não falava por si, dado
ser este, de uma ordem tal que o divide, hoje, porém, chamamos atenção para “uma
fala outra” – aquela para a qual não se tem ouvido, posto que, quem a fala, com ela se espraia tal como toda a pólvora que se dispersou num só tiro.
Então na falta do sujeito, as falas se multiplicam,
e os ouvidos, quando atentos, ouvem apenas a fala de quem já não sabe por quais bocas se expressa.
Por isso, caro leitor, aqui jaz quem de mim escapuliu com estas
palavras.
Comentários
Postar um comentário