A fome, o Outro e o bicho que nos transformamos(?).
Por Gilvaldo Quinzeiro
Nos tempos primevos, o Outro era toda “carne e todo
osso” que poderia ser servido como um almoço ou como um jantar. Hoje, temos a fome
na qual o Outro vale menos que “a Coisa” que lhe escapa da sua mão?
O que definitivamente o encontro com o Outro poderá
nos transformar? Nestes dias, os noticiários têm nos informados de que alguns
foram violentamente assassinados em restaurantes, seja pela sobra de comida (
este caso aconteceu em Brasília), seja, por uma discussão em torno de R$ 7,00
(este caso aconteceu em São Paulo, também em um restaurante).
Ora, se o encontro com o Outro é de uma ordem tão “chocante”,
então, em nós já não cabe mais o medo
que nos transformou “no bicho” que se alimenta das coisas mais apavorantes,
inclusive, da nossa covardia!
Incrível, mas pensando bem, somos hoje um tipo de “bicho”
que consome tudo, exceto, “alimento”, especialmente, os
naturais - prato predileto dos nossos ancestrais -, e sim, temos apetite voraz
por coisas que só sustentam o aumento da quantidade lixo, inclusive no que estamos nos transformando(?).
Enfim, o encontro com o Outro é talvez um dos mais
velhos dos nossos assombros, hoje, porém, com uma diferença: não sabemos mais,
com a fome que estamos quem come quem. Ou seja, tudo pode ser comida, entre
esta a sombra do outro (?).
Que fome é a dos nossos dias? Se se a nossa fome continuar sendo a de coisas, como a que ora nos "empanturra", isso poderá
significar uma anorexia em relação ao
Outro?
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