Olhares e reflexões sobre os últimos atentados: uma breve contribuição!



Por Gilvaldo Quinzeiro



O caso do atentado numa escola em Suzano, São Paulo, precisa ser estudado com muita atenção por toda a sociedade. Aos menos perguntas chaves precisam ser feitas. Quanto as respostas, estas não precisam ser precipitadas.

O caso requer múltiplos olhares, se possível, filosófico.

Pois bem, tocado pelo impacto dos acontecimentos, e com a intenção de contribuir com a reflexão que o caso suscita, escrevo o texto abaixo. 

O ódio é a nossa face oculta. Oculta no sentido de dizer que nós não a aceitamos como sendo a nossa. De modo que, a condição com que a contemplamos nos poupando do ‘despedaçamento’, não há outra, senão elegendo o espelho como nosso inimigo.  Este espelho, entretanto, é sempre o outro. E este outro pode ser o nosso vizinho; o colega da escola; o professor; o pai ou a mãe; um simples transeunte; o porteiro do prédio – ou quem tiver a má sorte de aparecer em nossa frente!

Na escola em Suzano, São Paulo, na última quarta-feira, as 7 vítimas, 5 estudantes e 2 funcionários, pagaram com suas vidas, o preço de terem sido este ‘espelho’.

Ontem, quinta-feira, no Rio de Janeiro, um jovem invadiu uma escola, e antes de atingir um aluno com uma faca gritou: “o mundo é nosso”! Que mundo? – pergunto. Há de fato uma ‘guerra’ em curso pela conquista deste mundo?  Ainda no mesmo dia de ontem, uma outra escola foi invadida, desta feita, em Timon, no Maranhão, quando um jovem aparentemente sob efeito de drogas tentou atacar os professores com o uso de estilete. Ambos os fatos, ainda que com menos gravidade do que o de São Paulo, precisam ser levados a sérios.  Haverão outros? Espero que não! Mas conforme a natureza destes casos, é bom não subestimar a possibilidade de novas ocorrências.

Como explicar tanto ódio?

Temos hoje na sociedade, verdadeiras fábricas de ódio. Desde as mais aparentemente inocentes como as pregações de alguns líderes religiosos e políticos; ou as engendradas nos ambientes familiares; ou as lúdicas, como as dos jogos virtuais; ou as do dia a dia – onde o sujeito se mata por tudo!

O resultado disso, não poderia ser outro:  vivemos em estado permanente de guerra cujas bombas prestes a explodirem, somos nós mesmos!

O dito aqui não explica nada, pois, de fato a situação é bem mais complexa, especialmente se levarmos em conta as alterações de natureza psíquica ora em curso.

Outra questão também é: qual o limite entre ficção e realidade? Aliás o que é do campo da ficção que não se tornou realidade?

Ver os atiradores da escola em Suzano portando   machado e flecha, ou seja, armas que possuem mais efeito simbólico, se comparada com uma arma de fogo, é um elemento chave e perturbador para se fazer uma narrativa do caso.

De que mundo saíram aqueles atiradores? Com que tipo de ‘cabeça’ pensaram? Que recado nos deixaram? No que se transformaram no momento da ação criminosa?

Por fim, saber que o caso foi ‘festejado’ por grupos de jovens em redes sociais, isso não só deve ser levado em conta para uma melhor apuração dos fatos, como precisa servir de alerta a todo o conjunto da sociedade.

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