O apagão cibernético: um sinal de que estamos todos navegando para um novo Titanic?


Por Gilvaldo Quinzeiro

Coincidência ou não, mas se alguém me perguntasse onde eu estava   ou   no que eu me encontrava imerso no exato momento quando ocorreu o apagão cibernético, de ontem, sexta-feira, 19 de julho, e que levou milhões de pessoas em várias partes do mundo a se sentirem no mato sem cachorro, a minha resposta seria: eu estou exatamente onde não se pode prescindir dos cães, imerso nos primeiros sopros dos “ventos da pororoca”. Aliás, um possível tema do meu primeiro documentário!

Ora, como já disse a alguns amigos, a minha atual fonte e interesse de estudo, não se encontra nos acervos das universidades, mas nas quase extintas tradições orais presentes nas memórias e costumes dos “caboclos”, como costumo chamar.  Faço isso não por saudosismo, mas por uma questão mesmo de sobrevivência! Aliás, por que o termo sobrevivência nos soa hoje como algo remoto, quando as condições atuais nos tornam todos náufragos?

Saber, por exemplo, como se usa pilão, quando o moderno liquidificador não funciona é colocar em prática a experiencia ancestral a serviço do bom viver! Saber como e com que se faz uma previsão meteorológica quando a empresa responsável por este tipo de serviço está inoperante devido a uma pane elétrica ou a outras que tais, é se tornar útil em um mundo viciado em tecnologia em mãos duvidosas!

Pois bem, nas condições atuais em que as novas tecnologias atam as nossas mãos e pés, além de nos fazer sem memória, sem ouvidos, sem olhos, enfim, sem o cérebro físico, um apagão deste que também poderá vir a qualquer momento como estratégia de guerra, falhas técnicas ou até mesmo de uma tempestade solar, poderá nos fazer voltar a lamparina – o que será o apocalipse para milhões!

Voltar “às lamparinas” por interesse de pesquisa, e não por força de um sacolejo eletrônico, é também fazer poesia – por que não?

Que o apagão cibernético de ontem cujas consequências ainda se estenderão por longas semanas, nos evite “sepulta o homem”, ao mesmo tempo em que se celebra com festa e pompa a chamada inteligência artificial, o que seria no mínimo comemorar a vitória de Pirro, isto é, não ter o que ou com quem comemorar!

 


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