Num mundo obsessivo pelo novo, com que mão se acaricia?

Gilvaldo Quinzeiro



Antes se descobria o corpo “arrancando-o” no banheiro em condições que, aos olhos dos outros, lhe parecia inteiro. Era o tempo em que as mãos eram usadas não só para vergonhosamente ocultá-lo, mas, também, como espelho. Que espelho!

Hoje, não se tem mais corpo, senão o que se ganha, quando, completamente mutilado? Será este o motivo pelo qual todos os finais de semanas os jovens chegam em casa “quebrados” por acidentes cinematograficamente provocados?

Ora, esta questão nos arremete ao tempo em que era com “masturbação” que se ganhava o corpo. Isto é, o tempo freudianamente constituído. Hoje, não seria com as motos que não só se perde a “virgindade”, mas, também, o próprio corpo?

Como Freud explicaria isso? Ou, do que valeria as explicações de Freud para um tempo que aposta “tudo” no novo?

O fato é: nada é tão freudianamente atual, quanto o " prazer", que só a dor nos antecipa. Ou, seria mais adequado dizer: continuamos nos acariciando sim, só que com mãos de ferro?

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