O caboclo, e suas sofisticadas abstrações.
Por Gilvaldo
Há um ditado antigo de que no “final dos tempos, a roda
grande passará pela pequena”, a respeito do assunto, eu já escrevi aqui no
blog. Mas, hoje quero voltar a falar sobre isso, dando outra abordagem.
Bem, antes de tudo, não podemos negar que tal questão, em
que pese ser discutível o termo “final dos tempos ou do mundo”, nos remete a
uma peça chave, que é a ideia de engrenagem. Isso nos revela que o caboclo, o
nordestino, sobretudo, ao contrário do que se pensa, não é nada besta. O seu
conhecimento é de uma sofisticação espantosa!
O caboclo, eu prefiro usar este termo, é sábio por e com
a natureza! E em que pese falar do seu acanhamento ou do seu conhecimento
empírico, como se o empírico não fosse um conhecimento, possui sim, uma
sofisticada abstração.
“A roda grande passando pela pequena”. Ora, isso diz
respeito também a uma representação geométrica, logo, a simbolização do mundo!
A ideia de final dos tempos ou do mundo é também uma
compreensão da periodicidade do tempo e dos fenômenos. E o que isso significa? Tudo
o que hoje está a faltar ao homem contemporâneo.
A roda grande passando pela pequena. Não será isso o
fenômeno hoje compreendido pela “globalização” e suas consequências? Ora, isso
é a prova do dom profético do caboclo.
É claro. O mundo acabou! A roda grande passou pela pequena.
A propósito, ontem à tarde enquanto fazia minha
caminhada, e enquanto passava próximo às margens de um riacho – hoje só esgoto!
– fiquei a pensar que água daquele riacho, que antes conduzia vida em seu
leito, agora só conduz a morte. Isso não
é metáfora. É real.
Por fim, os engenhos são outros. As suas engrenagens
também.
Quem tem ouvido para ouvir que ouça.
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