Uma breve leitura sobre o ‘fim do mundo’.

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Por Gilvaldo Quinzeiro


A cada novo fato revelado, seja noticiando as falas ou atitudes dos nossos políticos, seja os anúncios das novas descobertas pelos cientistas, seja assuntos relacionados aos nossos religiosos ou religiões, mais nos perguntamos acerca de que tempo é este?

No domingo, 20, a TV Globo exibiu no Fantástico, a denúncia de vários familiares e ex-integrantes, contra os Arautos do Evangelho, uma corrente ultraconservadora da igreja católica, fundada em 1999 pelo Monsenhor João Clá Dias.

Nas denúncias foram citadas situações de humilhações, torturas, assédios e estupros. Os Arautos do Evangelho, que já sofrem uma intervenção do Vaticano, conforme já escrevemos aqui, são acusados também de separarem os seus integrantes dos seus familiares, o que cria um conflito entre estes e os pais. Há relatos também de mortes ainda não devidamente esclarecidas entre os seus participantes.

A situação nos faz lembrar os tempos medievais, onde fatos desta natureza eram comum. Tudo isso com o propósito de se fazer a ‘vontade de Deus’.

Mas estes fatos se restringem apenas aos católicos? Claro que não!

No afã de conquistar mais adeptos e de influir na sociedade, as religiões brigam entre si por espaços. Conheço caso de famílias que, em pleno velório de parentes travaram ‘guerras’ pelo rito fúnebre, se conforme os cânones católicos ou evangélicos.

  É patente cada vez mais a divisão no meio da nossa atual sociedade por questões religiosas. É possível que uma nova ‘cruzada’ esteja sendo forjada? Se depender dos termos usados como jargão religioso como “soldados de Cristo”, bem como de atitudes correlatas, é bom que fiquemos atentos. Outro dia, um colega, evangélico, e que   me deu uma carona portava para minha surpresa,   um porrete dentro do carro. Indagado sobre aquilo, ele me respondeu: “estou me preparando para uma guerra”!

Mas Que guerra é esta meu Deus?

Que estamos numa grave crise de valores, de paradigmas ou no sentido mais geral, uma crise civilizatória, disso eu não tenho dúvida, e venho escrevendo e falando a respeito disso há um bom tempo.

Claro que não é a primeira vez que a humanidade passa por isso. Na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, por exemplo, vivemos uma crise desta envergadura. E o resultado desta crise? O mundo e nem os homens foram mais os mesmos.  

Agora, aquilo que era ‘o novo’, se tornou nos tempos atuais envelhecido, e estamos no meio de um demorado trabalho de parto, no qual, somos suas dores e contrações, mas parto mesmo, nada!

Há uma luta renhida entre o velho e novo, mas nenhum dos lados, ainda tomou o lugar do outro.

De um lado, as mentes mais conservadoras se apoiam desesperadamente em suas arcas e nos pilares das suas catedrais. Aqui há também divisões, lutas entre alas divergentes, como no campo religioso; seja cristãos x muçulmanos, isso no espectro mais amplo; seja evangélicos x católicos. O que está em jogo? – Que verdade prevalecerá! Quem serão os escolhidos?

Do outro lado, as mentes progressistas. Mas também em crise, e tendo que rever seus conceitos e paradigmas. Em jogo o papel da ciência. O que pode a ciência fazer por nós neste momento de crise? E mais, como explicar que com tanto avanço científico não fomos capazes de evitar tal situação?

Enfim, estamos diante de uma ‘nova arca de Noé’. Com uma diferença brutal: os bichos somos nós – quem escolhe quem?


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