Ai de nós sem as caricias que substituiriam todas as facas

Gilvaldo Quinzeiro



Entre a mão que cega com a faca e a outra que esculpe o crime, as praças e os jardins já não são mais para os namorados. Aliás, nem jardineiro há nas praças, e o beijo antes dado como roubado, hoje com todos sendo diariamente assaltados, feliz das mãos que ainda conservam os dedos!...

Vi nesta manhã ( do dia dos namorados) uma imagem que me chamou muita atenção, não era nenhum casal se beijando na boca, nem  era  romântica ou erótica,  mas certamente eloquente  -,  um mendigo e um cão  “paquerando” uma padaria, o primeiro estendendo a mão ao padeiro, e o segundo babando o pão improvável   – quem enganaria  quem com a fome com unia a ambos?

Nestes dias de poucas caricias, flores enviadas tarde demais e balas apressadas para chegarem antes  dos presentes, namorar é mesmo o quê ante o luxo que substitui o beijo  ?

Ai da nossa fome que os projetos não contemplam! Ai das nossas peles sem serem as das serpentes!

Ai de todos os ais que não sejam pelas caricias!

Caricias eu quero, conquanto, meus ais!


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