A mecânica do tempo, e o ‘elástico’ esticado. Um olhar sobre os nossos dias
Por Gilvaldo Quinzeiro
Ao lançar um breve olhar sobre a ‘mecânica’ da nossa contemporaneidade,
duas coisas têm me chamado atenção. Uma é o aumento das igrejas, bem como o de
pessoas que a elas procuram. A outra é o aumento das prisões ou a menos a
demanda por estas. Por outro lado, paradoxalmente, o papel das escolas, vem se
declinando, incluindo, o seu fechamento. Por exemplo, aqui em Caxias, mais
especificamente, no que diz respeito, ao turno noturno.
Que encruzilhada é esta? Com que nos deparamos?
Neste texto eu vou procurar falar de algumas das nossas
feridas. Refletir sobre elas, ainda que não possa resultar em cura, porém,
significa ao menos colocar a mão sobre.
Não há como se compreender a alma de cada geração, se de fato
isso nos seja possível, sem antes haver uma compreensão a fundo dos seus ‘demônios
’ ou a menos daquilo que se ‘demoniza’. Os ‘demônios’,
é bom que se diga, já não se encontram presos pelo lado de fora – estes estão bem ‘livres’ dentro de cada um de nós!
Portanto, precisamos, e com urgência redesenhar os nossos ‘demônios’,
não basta apenas atiçá-los com os nossos corpos ou afugentá-los com as nossas
rezas. É preciso, pois, estar à altura dos nossos demônios para, assim,
constatarmos que entre nós e eles não há tantas diferenças!
Ora, o dito acima implica inevitavelmente no seguinte
questionamento: e quanto a nossa concepção a respeito dos deuses (‘deuses’ para
ser mais democrático), estas também não mudam conforme as gerações? Que deuses
servem de guias e de proteção a atual geração? Estão estes à altura do nosso
sofrer?
Eis aqui a ‘mecânica e a dinâmica do tempo. O ‘ninho’ das
aves e das cobras!
Podemos comparar a mecânica dos tempos, a um ‘elástico’
esticado. Ou seja, tudo aparentemente permanece em seu lugar. Porém, é possível que numa das extremidades
desse ‘elástico’, uma das mãos que o segura, esteja se cansando, e o seu afrouxamento
poderá resultar em um brusco retorno!
Coincidência ou não,
o fato é que o atual estilo de vida nos levou a nos tornar bruscamente ‘imóvel’,
isto é, tentados a nos sentar numa confortável cadeira diante de uma pequena
janela, e através desta, o computador, colocar o ‘dedo ou boca’ no mundo! Este
é o mundo fascinantes! Porém, não se enganem com as aparências, pois, este é
também o mundo habitado pelos seus facínoras!
Eu falei acima em termos nos tornados ‘imóveis’ ... Não se enganem com isso: é que perdemos a
noção de movimentos. Tudo é o mesmo
elástico esticado! O ir e o vir é a mesma coisa. O que não é mesma coisa é o
que somos!
Por fim, o que somos desse ‘elástico’: os que arremessam a pedra ou a própria pedra
arremessada?
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