Como esquecer da moça, se (a moça) é ele?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Somos todos ‘espelhos’, e, enquanto tais, engolidores da
presença de outrem. Por isso, é difícil não haver quem não se sinta ‘grávido’
daquilo que não se pode dar à luz!
O dito acima é uma provocação ao discurso a respeito do
luto e das perdas.
Ora, como se falar de perda em relacionamento se a rigor
ninguém de fato pertence a ninguém?
A pouco eu presenciei a seguinte conversa: “o fulano de tal,
mesmo após o fim do namoro, nunca esqueceu aquela moça, e, de vez em quando ele
a presenteia”! Ao ouvir isso me veio a seguinte frase como resposta, “como
esquecer da moça, se (a moça) é ele”!
Às vezes o que não
conseguimos esquecer na perda do Outro, não tem nada a ver com a perda deste, e
sim, com aquela parte de nós que só se tornou ‘espelho’ enquanto outro!
Por fim, este ‘fulano de tal’ ao presentear esta moça não
estará dando o presente a si mesmo?
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