A falta das coisas e das nossas faltas
Por Gilvaldo Quinzeiro
Há uma ‘engenharia subjetiva’ na edificação das coisas, que
nos falta. Chorar por elas é um dos nossos sintomas. Neste texto, vamos nos
arriscar a falar sobre estas coisas. Isso sem conter um pouco de choro...
As coisas, que nos falta, e pelas quais choramos copiosamente,
são exatamente aquelas para as quais não
conseguimos dar nomes, isso não significa dizer, no entanto, que estas não possuam
faces ou se encontrem distantes, fora de nós, mas pelo contrário, estas podem ser antigas inquilinas das nossas profundezas da
alma!
A falta da coisa, portanto, não significa necessariamente ausência
ou vazio da coisa, mas aquilo que não alcançamos dentro de nós, seja com o uso da
palavra, seja com o uso da mão!
Saber localizar as coisas, que nos faltam não é uma das
tarefas simples – é uma missão! É aqui que entra a engenharia da reinvenção do
sujeito.
Chorar por chorar, pode trazer um alivio momentâneo, mas
isso não é de todo eficaz. Precisamos ir até as profundidades da alma, de onde
vem a sensação de dor ou de falta.
É comum localizarmos
esta ‘falta’ como a ausência do outro ou de algo, fora de nós. E tudo que deveríamos
usar como catarse, é descarregada como o a face e o nome de outrem – nada que
diga respeito a nós mesmos. Isso implica, no entanto, no aprisionamento das ‘faltas’
e das nossas queixas, uma vez que estas são moradoras da nossa alma.
Ora, o dito acima
implica entre outras coisas no adoecer. No sofrimento. Na dor.
O adoecer-se é da ordem daquilo que ‘chora’ por nós, na
condição de algo descuidado, mas que é tão nosso, quanto aquilo para o qual sorrimos
acreditando nos pertencer.
Um bom domingo de reflexão a todos!
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