O simbólico, o alvo e a a trajetória
Por Gilvaldo Quinzeiro
O tempo em que a mais veloz das flechas levava para atingir
seu alvo, na mesma época em que mão alguma empunhava ainda um revólver, morria-se
mais pela prisão à lembrança de ter sido pela flecha atingida ou por que o
impacto da flechada era mesmo devastador? Qual a graça que teremos em fazer a
mesma comparação numa época não tão distante em que as nossas mãos terão, também,
assim, como a flecha tornado o uso do fuzil obsoleto?
Se tivéssemos a oportunidade de volver no tempo, e, colocássemos
lado a lado numa mesma conferência, um egípcio
antigo, um grego, um romano e um norte-americano atual e sobre à mesa destes
postos uma flecha e um fuzil, qual destes dois instrumentos representaria para
a todos os presentes o mesmo significado de uma arma? – claro que seria a
flecha!
Ora, o dito acima é uma introdução a respeito do simbólico. O simbólico é da ordem daquilo que permanece.
O simbólico da ordem daquilo que condensa o espraiado e o diverso. O simbólico
é da ordem daquilo que se repete.
A construção do simbólico não é tarefa, que cabe a ‘imediatidade’,
até porque aquele, o simbólico, tem caráter daquilo que permanece, não é
transitório. Isso é engenhado pelas mãos, pés e cabeças de diferentes gerações ao
longo do tempo.
Mas, voltando à nossa conferência, por que o norte-americano
também reconheceria a flecha como arma, uma vez que o uso do fuzil faz parte do
seu cotidiano? – graça a sua memória!
Eis um tema fundante nesta questão levantada, a memória,
isto é, a nossa relação efetiva e a afetiva com o tempo. Uma invenção, por mais
que esta seja indispensável em sua época, não pode ser mais importante aponto de que venhamos
perder a nossa relação com o tempo.
Pergunte a um jovem o que é um disquete? O que é um vídeo cassete?
– certamente poucos saberão do que se trata. Agora pense! Com quantos anos o
disquete e o vídeo cassete se tornaram obsoletos? – Isso foi ontem, amigo!
Mostre para um jovem a imagem do primeiro celular que ele
dificilmente o reconhecerá como tal. Agora reflita! Quantos poderão passar mal
e até morrer se passar um dia sem fazer uso deste ‘aparelho’?
É assustador que muitas das coisas pelas quais hoje matamos
ou morremos têm um ciclo de vida tão curto quanto o de um inseto – e tais como
os insetos - podem ser dispensáveis!
Voltando a falar do simbólico. Neste tempo onde tudo é feito
para seguir a rotina de um ‘piscar de olho’ o que hoje é da ordem daquilo que
permanece? Temos hoje memória mesmo do quê? De que forma nos relacionamos com o
tempo? Por que será que os testemunhos oculares do nascimento do “Menino Jesus”
são exatamente os animais? – pense bem!
Um Feliz Natal a todos!
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