O ‘diabo’ do sujeito e seus relacionamentos




Por Gilvaldo Quinzeiro


Neste tempo traçado pela pressa; pela imediatidade dos olhares, estes, quase sempre fitos de cima para baixo, mas nunca alcançando a si mesmo: o que é afinal o sujeito?
Pois bem, este é o tipo de assunto que para a ‘filosofia cabocla’ se iniciaria com a seguinte pergunta: “com quantos paus se faz uma canoa, meu fie”? – claro que o que menos se pretende com esta questão é obter a resposta – mas manter-se a conversa, ademais com o café quentinho no bule!

Parece uma conversa simples esta, mas não será! Vamos adentrar alguns terreiros cujos donos não costumam receber bem as visitas. Falaremos, pois, do sujeito e sua ‘frágil’ constituição nos dias de hoje e seu possível desdobramento no campo dos relacionamentos afetivos.  Faremos isso sem o academicismo, que o tema por si só exige. Tomaremos alguns atalhos, e invocaremos   as coisas caboclas – uma espécie de abrir das porteiras!

O abrir das porteiras!

Se por um lado a realidade se tornou tão porosa, e por outro, o sujeito se apresenta com a sua constituição puída, assim sendo, nestas condições, como falar ou manter um relacionamento? Que ‘remendos’ ainda unem as pessoas?

O que é hoje uma pessoa? Um sujeito? O que é hoje um ‘relacionamento’? Qual o tempo de um relacionamento? – um agora?

Se levarmos em conta os hits, as músicas mais badaladas, e que podem estar servindo de trilha sonora para muitos casais, as respostas a estas questões acima seriam bem assustadoras!  Por isso, achamos por bem não entrarmos no mérito da questão.

Que cada um dance conforme a música!

O fato é que há muita gente se sentindo ferida, partida ao meio, ainda que, se questionada sobre a duração do seu relacionamento, já findado, não foi além de duas semanas!

Chamou-me atenção na manhã de hoje, e que me levou a escrever este texto, uma matéria acerca de um jovem, que está sendo acusado de cometer um estupro a uma criança, numa cidade mineira. O mesmo já preso pela polícia, assumiu e justificou o fato dizendo “encontrar-se muito triste pelo termino de um relacionamento”.

Que coisa!

Pois é, o que pouca gente sabe é que um termino de um relacionamento, pode, especialmente aqueles “maus terminados”, e, alimentado pelo ressentimento, nos transformar e nos atirar nos braços do ‘diabo’.

Se prestássemos mais atenção ‘o começo’ de um relacionamento, evitaria tantos trágicos fins!

Mas, voltando a falar sobre o sujeito e sua frágil constituição. Outro dia, uma jovem recém-casada, relatou-me preocupada que, no meio da noite, após o seu marido ter ‘sentido um pesadelo’, e lhe contado sobre o mesmo, eis que esta pulou da cama e, gritando, disse “está vendo um monstro na pessoa (do marido) – algo ligado à sua infância.
Imagine os nós, as linhas, as costuras que são necessários para atar todos os dias um relacionamento!

O ‘diabo’ é encontrar um sujeito que saiba ao menos onde encontrar os seus pedaços!

Ufa!





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla