As palavras em tempo de guerra: velhas e falhas ferramentas?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Há quem afirme que a palavra é de certa forma a substituição
de um ‘tapa na cara’. Eu mesmo acredito nesta versão! Porém, a palavra, agora
eu estou falando dos discursos e das narrativas, é bem mais além que isso. Numa
guerra, por exemplo, ela, a palavra, isto é, os discursos e as narrativas, é
uma arma poderosíssima!
Nos últimos ataques entre Estados Unidos e Irã quem de fato
saiu vencedor? Esta é a narrativa a ser construída! Ambos países cantam vitória
à sua maneira. Ambos países lançam suas
retóricas. Porém, os derrotados, estes não têm como de fato argumentarem, pois,
foram exatamente os que morreram, sejam estes de que lados forem.
Ao dizer que a palavra é uma arma poderosa, tanto quanto um míssil,
é inferir também que somos feitos desta, a palavra. Ora, nestas condições,
então, somos lançados como ovelha desgarrada ao campo minado das batalhas pela
palavra, isto é, os discursos e as narrativas que a nós também pertence?
De que palavra somos feitos, senão daquela que é como
coleira de linguiça para cachorro? Ora a guerra é mãe de todos os vis
interesses. E muito desses nossos interesses é sim como o ‘osso’ para o
cachorro – o mesmo cachorro que tanto lhe confiamos a nossa amizade!
Sim, este é um mero jogo de palavras. As guerras são também –
dependendo para quem você argumenta, você será um vencedor!
E quando as palavras, a despeito da complexidade dos fatos
já não nos dizem nada? É aqui onde todos nós somos fantasmas!
Sim, eu não tenho dúvida das nossas atuais condições de
fantasmas. Por isso cada vez mais ‘queimamos a língua’ ao falar. Mas, mais do
que isso, estamos arremessando as nossas cabeças contra as coisas: somente
assim temos ciência – a ciência de que somos falhos.
Um avião que alçava voo com 176 pessoas no exato momento em
que mísseis eram disparados; todos os passageiros morreram. Mísseis que para alguns discursos mataram 80,
aqueles que eram de fatos alvos, já em outros, não mataram nada.
Afinal, neste momento
do que servem as palavras?
Comentários
Postar um comentário