Os trágicos sinais dos nossos tempos



Por Gilvaldo Quinzeiro



Ler o tempo, o mundo, ainda que a partir do seu quintal, é condição necessária para não se afogar na mesma enxurrada, que já arrastou o vizinho e a todos nas cercanias... Mas qual a grafia, a língua deste tempo? É possível que possamos já ter perdido os seus sinais, os seus significantes e significados?   – sem nenhuma dúvida que sim! E esta é apenas uma das nossas tragédias contemporâneas! Em outras palavras, como diriam os mais velhos, não sabemos para onde aponta o nosso nariz.

O alvoroço nas redes sociais depois do bombardeio dos Estados ao Iraque, ocorrido na quinta-feira, 3 (ontem ocorreram mais bombardeios!), e que vitimou o comandante das Forças Revolucionárias iranianas, Qassem Soleimani, o segundo homem mais importante do Irã, com temor de uma possível terceira guerra mundial, é o exemplo de que precisamos fazer uma urgente e precisa releitura do mundo, e neste particular, a História, disciplina tão renegada nos últimos tempos, é fundamental!

Haverá então uma terceira guerra mundial? Ao menos neste momento não podemos afirmar categoricamente nada disso. Porém, que o mundo desde o dia 3 janeiro se tornou perigoso e potencialmente sujeito ao aumento de uma escalada militar que poderá ampliar o teatro das operações de guerra, isso é ‘primariamente’ inegável!

O mundo como vemos, poderá não ser visto nunca mais!

O problema se agrava, ao meu ver, exatamente por não termos lideranças (já venho falando a muito tempo), homens com a capacidade de pensar, de mensurar as suas próprias ações. A justificativa aos ataques feita pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que tais bombardeios “foram para evitar uma guerra”, soa destoada e na contramão do desenrolar dos acontecimentos. Os Estados Unidos se atolam de vez no Oriente Médio – rezem para que o mundo inteiro não seja levado para o mesmo atoleiro!

Por outro lado, se levarmos em conta o grau de tensão e irritabilidade ao qual as nossas autoridades estão submetidas, cito a título de exemplo, o Papa Francisco, uma das maiores lideranças do momento e que tem um papel decisivo na construção da paz mundial – perder o controle emocional, como ocorreu recentemente enquanto passeava na Praça de São Pedro, momento em que o mesmo deu um tapa numa mulher -, é simplesmente de nos tirar o último fôlego!

 É claro somos todos humanos! E é aqui que reside o perigo, pois, só somos ‘gente’ em certas condições. Quando estas condições nos faltam, e estas são as condições de agora, então, tenho dúvida de quem ainda que seja um de nós. Nós quem?

Uma outra situação, que é também preocupante, é o chamado ‘efeito manada’, ou seja, a de começarmos quando em pânico, a seguir o mesmo trajeto da multidão desenfreada: fuja que o piloto sumiu!

Por fim, proteja a sua cabeça, pois, a despeito de estarmos com a bunda pra cima, ela, a cabeça, nunca foi tão necessária quanto agora!






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