O rastejamento do corpo

Gilvaldo Quinzeiro


O corpo é uma “coisa” que se contorce a procura de uma “imagem” com a qual se identificará. Um corpo sem uma “imagem” com a qual se identifica e se agarra, é como uma escultura barroca sem a “fé” que lhe dá “tripa e coração”. Mas, um corpo quando agarrado a uma “imagem”, pode também se transformar na “minhoca” que se afunda na escuridão dos subterrâneos. Trata-se pois, do corpo cuja fome de “imagem” lhe fez ser almoço de “escorpiões”, isto é, esmagado pela “imagem” que do corpo escapa para ao corpo retornar na condição de seus fantasmas.

Em outras palavras, por traz do sonho sonhado, do sintoma que nos agoniza, do corpo que cai pro lado, pode estar o desejo por nós ainda não realizado; este é o desejo de uma parte de nós aliada ao desejo dos outros. Os outros que também somos, nos ocupam os espaços vazios; vazios que em nós tomam forma diversas, tal como a água nos cálices que se transforma em vinho.

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