Para não dizer que não falei da fome dos bichos

Gilvaldo Quinzeiro


Na infância temos quatro pernas com as quais nos arrastamos penosamente para, quando jovens, apenas com duas vivermos perigosamente para perdê-las; já na velhice se nos sobraram pernas estas não valem por um bastão sequer, porém, sem ele, o que nos resta? – Ser a ilusão do bicho!

Mais do que ter decifrado a esfinge, Édipo nos arrastou de corpo e alma para o humano drama de viver com os pés fincados em nossos complexos; o do édipo, é mãe de todos os outros. Freud que o diga que não, logo ele que não conseguiu amar outra mulher, senão a sua própria mãe... E quanto ao Totem e o Tabu – a morte do pai!...

Então temos dois homens humanamente dilacerados por serem humanos: Édipo e Freud – o mito é porque não há outra forma de atravessar o nosso inferno interior, senão mendigando os fantasmas com belas esculturas das nossas dores!...

A rigor, estamos sempre engatinhando, isso para evitar dizer que estamos mesmo é de quatro. Ora, será então por isso que temos sempre a ilusão de termos o mundo nas mãos? Não seria mais adequado pensar que ao mundo só damos a bunda?

Sente-se e pense. A cada leão que matamos é uma esfinge a ser decifrada, do contrário, no próximo seremos comidos!

Portanto, mesmo de quatro ou com um bastão só, podemos ser comidas! Nestas condições, porém, só nos resta engolir a saliva, antes de a provocarmos no outro que já nos espreita!...





                                                                                      

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